Fotos: JC Imagem Por Franco Benites e Jumariana Oliveira Do Jornal do Commercio desta sexta-feira (29).
A participação de crianças e adolescentes - de forma “espontânea” ou não - nas campanhas eleitorais não somente é fato comum como está cada vez mais usual.
A aglomeração das militâncias dos proporcionais nos atos de rua dos candidatos majoritários revela que este tipo de atividade é comum nas campanhas da Frente Popular de Pernambuco e da coligação Pernambuco Vai Mais Longe.
Na última terça-feira, a reportagem do Jornal do Commercio acompanhou as caminhadas de Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro Neto (PTB) e flagrou menores de idade trabalhando para candidatos a deputado.
Em Paulista, crianças e adolescentes faziam campanha para o deputado federal Augusto Coutinho (SDD).
Um deles subiu no carro de som que reproduzia jingles para balançar uma bandeira.
A reportagem abordou o menor e uma coordenadora dos militantes, que não se identificou, disse que o trabalho do grupo custa R$ 250,00 a quinzena.
Procurado pela reportagem no mesmo dia, Coutinho disse que não sabia do fato e que o responsável pela sua campanha no município, o vereador Nildo Soldado (SDD), deveria responder.
Um assessor do deputado disse que poderia “ser o filho dele (do vereador) que fez espontaneamente”.
Minutos depois, o vereador, conduzido pelo mesmo assessor, disse ser pai do garoto.
Antes de iniciar a caminhada, o próprio Coutinho saudou o grupo de militantes, entre eles muitos menores.
Na caminhada de Armando no Coque, também na terça, adolescentes carregavam bandeirões da candidata a deputada federal Isabella de Roldão (PDT).
Assim que notou a reportagem registrando, uma assessora da pedetista tomou o material de campanha das mãos dos jovens.
Eles não quiseram se identificar e ficaram na caminhada até o final. “Nossa orientação é para seguir a lei.
Deve ter sido um erro da liderança daqui”, declarou Marcos Belo, coordenador da campanha de Isabella.
Questionada, a candidata disse que não tinha conhecimento do fato, pediu para ver as fotos feitas pelo JC.
Ela afirmou que orienta a equipe a recrutar pessoas dentro da faixa etária permitida.
O assessor da corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Orson Lemos, disse que a legislação eleitoral não trata sobre o assunto, mas que as regras devem ser as da Consolidação das Leis Trabalhistas, que não permite a prática do trabalho infantil. “Já existe a legislação que fala sobre o trabalho de crianças e adolescentes.
Ela tem que ser respeitada.
Lembro que qualquer pessoa pode denunciar ao TRE e ao conselho tutelar mais próximo”, afirmou.