Por Michael Zaidan Estava em São Luiz, do Maranhão, fazendo palestras sobre a reforma política, quando soube da mudança do coordenador de Campanha de Marina Silva.

Depois vieram as notícias sobre a deserção da base aliada, os agro-exportadores e industriais, por não concordar com a agenda e ou discurso da candidata neo-pentecostal.

Afinal de contas, que candidata é essa?

Convém lembrar que Marina Silva rompeu com o PT exatamente por conta das contradições da política ambiental.

A ênfase do “desenvolvimentismo” prejudicava as políticas de proteção do meio-ambiente.

E que o ex-governador falecido teve a prudência de colocá-la na vice, e não na cabeça de chapa do PSB, prevendo as inúmeras resistências de sua base aliada.

Na verdade, uma coisa seria usá-la, num acordo de mútua conveniências, como cabo eleitoral qualificado para a eleição do ex-governador do estado.

Outra coisa - muito diferente - seria colocá-la como a candidata à Presidência da República, pelo PSB.

E isto porque a ex-senadora do Acre não tem nada a ver com a agenda do PSB, nem na forma nem no conteúdo.

Não é e nunca foi socialista, ela é evangélica.

Segundo, a agenda do PSB está mais para o estado regulatório, gerencial do que com a agenda ambiental, de Marina Silva, Era previsível que a tentativa da família do falecido em manter o controle da chapa, através do nome de Marina Silva, iria - como está ocorrendo agora- suscitar muitas questões da antiga base aliada, que se juntou ao projeto sucessório em nome de outras idéias, outro discurso e outro candidato.

A mudança de nome não seria um mera formalidade, em se tratando de uma pessoa, como a líder do partido “rede-sustentabilidade”.

O que ocorre é a presença de um partido dentro de outro partido, por mera conveniência político-eleitoral.

Ou os próceres graduados do PSB achavam que ela iria renunciar ao projeto político dela em troca de ser a candidata de outro partido? É um enorme equívoco esse que pode produzir sérias conseqüências, não só para o PSB, mas para o Brasil como um todo.

Os votos de Marina Silva são os votos de Deus e da militância despolitizada do movimento ambientalista. É um misto de pós-modernidade com obscurantismo.

Um lado parece sedutor, é o lado da agenda planearia, solidária, preocupada com a sustentabilidade, a equidade e a justiça.

O outro é a da “besta-fera” da Apocalipse, do “beato Salú”, ou seja, a agenda da ignorância, da superstição, da intolerância, do preconceito, do fundamentalismo etc.

Claro que a tendência é aglutinar adeptos dos dois lados.

Mas a base tradicional do PSB - em franca transição para a agenda do PSDB - não aceita, não concorda e não se sente contemplada neste rosto de Juno, da candidatura de Marina Silva.

Toda estratégia de sua campanha será apresenta-la como a anti-Dilma - seja lá o que isso represente.

E arrebanhar os votos da extensão legião dos que não votam ou votarão como o PT.

Mas é bom lembrar que por trás desse slogan de campanha está o obscurantismo e a inocência dos verdes.

Ambos muito úteis para serem utilizadas pelos adversários da política petista. É preciso quebrar a polarização e levantar outras bandeiras e outros ideais políticos.