Na Folha de São Paulo O avião foi vendido a João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e seria registrado em nome da BR Par Participações e Bandeirantes Pneus, segundo documento do grupo A.

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Andrade enviado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e obtido pela Folha.

Mello Filho é usineiro e já recebeu multas do governo por não comunicar suspeitas de lavagem de dinheiro quando tinha uma financeira.

O dono da Bandeirantes Pneus, Apolo Santana Vieira, é réu em ação penal por importação fraudulenta de pneus.

O comprador assumiu uma dívida de US$ 7 milhões (R$ 15,9 milhões) junto à Cessna, dona da aeronave.

Uma das suspeitas é de que as empresas não teriam capacidade para pagar esse valor.

Até o dia do acidente, quase três meses após a compra, a Cessna não havia aprovado o cadastro da Bandeirantes.

A compra foi intermediada por Aldo Guedes, presidente da empresa de gás do governo pernambucano e sócio do ex-governador Eduardo Campos em uma fazenda.

Foi Guedes quem contratou os pilotos que morreram.

A DÚVIDA Os policiais querem saber por que o comprador não passou a aeronave para o seu nome, como manda a lei.

Nos registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o Cessna continua em nome do grupo A.

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Andrade.

Uma das hipóteses dos policiais é que isso foi feito para burlar credores.

Segundo essa hipótese, o grupo não fez a transferência para não repassar aos credores o que recebeu.

A lei de recuperação judicial determina que todo valor arrecadado seja usado para pagar as dívidas.

A queda do avião sem a transferência para os atuais donos pode trazer problemas com o seguro.

A apólice da Bradesco Seguros está em nome do grupo A.

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Andrade.

O fato de o antigo dono ter omitido a venda do avião pode ser uma razão para o não pagamento do seguro.

Celso Vilardi, advogado do grupo A.

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Andrade, diz que não há fraude.

Segundo ele, o grupo recebeu do comprador oito parcelas do “leasing” feito na Cessna, cujo valor ele não revela (“leasing” é um financiamento em que o cliente paga parcelas mensais e ao final fica com o avião).

A quantia foi repassada à Cessna para saldar dívidas, de acordo com Vilardi.

O valor foi pago em 8 de maio.

O grupo comprou o avião por US$ 8,5 milhões, a serem pagos em até dez anos.

OUTRO LADO Advogados do grupo A.

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Andrade refutam com veemência a suspeita de fraude.

Segundo o criminalista Celso Vilardi, o avião representava despesas, e não uma receita. “A venda do avião é uma dívida a menos.

O grupo não ficou com um tostão do avião, repassou tudo para a Cessna porque havia dívidas”, diz.

Ricardo Tepedino, que defende o grupo na esfera cível, afirma que não há fraude porque a venda foi feita antes do pedido de recuperação.

O avião não estava em nome do novo dono, segundo o documento enviado à Anac, porque a Cessna analisava a capacidade financeira das empresas BR Par Participações e Bandeirantes Pneus.

A Bandeirantes disse em nota que tinha interesse no avião, mas a Cessna não aprovou o cadastro da empresa até o dia do acidente.

A Folha não conseguiu localizar a BR Par Participações.

A reportagem também não encontrou Aldo Guedes e João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho.