A morte como campanha Por Janio de Freitas A crítica de Marina Silva a seus adversários por “exploração” da morte de Eduardo Campos não tem cabimento e tem um reverso.
Dilma Rousseff e Aécio Neves não ultrapassaram, como candidatos, o que poderiam dizer como pessoas do conhecido ou amigo desaparecido.
A própria Marina Silva e os interessados na projeção eleitoral do PSB, porém, saem da comoção para a apelação, sem limite algum, ao morto reduzido a cabo eleitoral.
A política brasileira não precisa de mais indignidades e feiuras.
Nada a ver com a intenção da família de dar vida a Eduardo Campos na memória geral.
Mas não é menos do que exploração imoral uma atitude como esta do candidato ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, indicado por Eduardo e em dificuldade nos seus magros 13% de aceitação eleitoral: “Agora, quem está com Eduardo Campos está com Paulo Câmara e quem não está com Paulo Câmara não está com Eduardo Campos”.
Ou, vindo do sucessor de Eduardo Campos na presidência do PSB, Roberto Amaral: “Depois de Arraes e de Eduardo, nosso partido tem uma nova liderança que representa não apenas a alma pernambucana, mas também a alma brasileira.
A grande liderança do partido hoje é Renata Campos”.
Dedução imediata: não por graça do talento político que a viúva tenha, mas por induzir, para efeitos políticos, a lembrança comovida do morto. É difícil imaginar a acomodação que Marina Silva fará entre suas (pouco) expressadas ideias e os condicionamentos que a candidatura pelo PSB lhe impõe.
Já está aí a concessão que faz –ela, que não admitiu a aliança com o governador Geraldo Alckimin– ao aceitar como seu vice o deputado Beto Albuquerque, combativo destaque na tropa dos transgênicos da Monsanto no Congresso.
Não é a falta de temas que leva Marina Silva e seus aliados, forçados ou não, a fazerem da morte de Eduardo Campos o seu marketing.
DESASTRE A Anac, Agência Nacional de Aviação Civil, tem muitas deficiências à espera de correção, como todas as agências ditas reguladoras.
Mas considerar a possibilidade de transferir aos Estados partes importantes da infraestrutura de aviação, porque as tarefas da Anac estão muito além de seus recursos e quadros funcionais, é o mais inconveniente dos procedimentos possíveis.
A obviedade oferece às carências da Anac a resposta simples do seu redimensionamento, material e humano, na medida da necessária eficácia para a aviação e os usuários.
Confiar, esta é a proposta, a conservação de pistas, de sinalização e de outros itens a Estados sem eficiência sequer para suas mínimas obrigações com educação e saúde, seria, no mínimo, uma insensatez ameaçadora à vida de tripulantes e usuários em geral da aviação.
Como surge uma ideia dessas na cabeça de alguém, e setores do governo dela se ocupam, eis um mistério desalentador.