Destino interrompido por uma tragédia.
Foto: Aluísio Moreira/SEI Para homenagear os símbolos da luta pela democracia em Pernambuco, há quatro meses o ex-governador do Estado Eduardo Campos (PSB) estava em frente ao túmulo do avô e referencial político Miguel Arraes.
O dia era 31 de março, data que marcava a passagem dos 50 anos do golpe militar do Brasil.
Por uma trágica artimanha do destino, 139 dias depois, o neto será sepultado na mesma lápide do avô, aos 49 anos de idade, no auge da trajetória política.
No epitáfio repousa um verso do poema “Sentimento do Mundo”, escrito pelo poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, que diz “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. “E agora, José?”, dizia o bardo.
Na época, o gesto de visitar os jazigos partiu da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara e foi direcionada ao ex-governador Miguel Arraes de Alencar, que foi deposto pelo regime militar; para o arcebispo Dom Helder Câmara, patrono da Comissão Estadual da Verdade; e para o Padre Henrique, falecido durante a ditadura. » João Lyra prevê velório e enterro de Eduardo Campos e assessores no domingo » Missa de corpo presente de Eduardo será na Praça da República » Eduardo Campos será sepultado no mesmo túmulo do avô Miguel Arraes » Morte trágica torna Eduardo Campos um ícone da política nacional O gesto de Eduardo tinha intenção de tomar para si o compromisso com a democracia no País e reconhecer a luta pela redemocratização do Brasil. “A Comissão da Verdade, de maneira acertada, decidiu por prestar esta homenagem hoje nos túmulos de Miguel Arraes, do Padre Henrique e de dom Helder Câmara, para através deles simbolizar nossa homenagem a todos os homens e mulheres que lutaram por liberdade e democracia no nosso País, para que nós possamos assumir cada vez mais o compromisso do Brasil com a democracia, que precisa ser aperfeiçoada, melhorada, para que o povo possa ter mais conquistas”, comentou Eduardo, na última semana à frente do governo de Pernambuco. “Esse amanhecer mais noite que a noite”, escreveu Drummond ao fim do poema gravado na lápide.
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