Foto: reprodução do Facebook Por Eliane Cantanhêde A morte chocante de Eduardo Campos joga um grau de imprevisibilidade ainda maior numa eleição já particularmente imprevisível desde junho de 2013.
Campos era jovem, promissor, de uma família política e uma opção criativa à polaridade de 20 anos entre PSDB e PT.
Sua morte trágica, na reta final da campanha à Presidência, no mesmo mês da morte de Getúlio e JK e no mesmo dia da morte do avô Miguel Arraes –13 de agosto– atinge uma dramaticidade especial num país emotivo e religioso como o Brasil.
Sem Campos, o caminho natural é que a candidata seja Marina Silva, que conquistou cerca de 20% dos votos em 2010, deixou uma legião de seguidores e sabe falar, olho no olho, com o eleitorado evangélico.
Confirmada, será uma guinada e tanto na chapa do PSB.
Campos era pragmático, pró mercado, pró agronegócio.
Marina é menos flexível e enfrenta resistência no mercado e, especialmente, entre ruralistas.
Mas pode e tem tudo para crescer muito.
Campos patinava em 8% e 9% de intenções de voto, mas tinha certeza de que iria deslanchar com o início da propaganda na TV e no rádio, dia 19.
Essa expectativa se transfere agora para Marina, que poderá, enfim, somar o seu capital ao potencial dele.
Assim, seria decisiva para evitar a vitória de Dilma no primeiro turno.
O problema é o quanto ela poderá crescer.
Só o suficiente para garantir o segundo turno?
Ou a ponto de ameaçar o tucano Aécio Neves?
A eleição fica ainda mais embolada e ainda mais imprevisível, mas a melhor aposta ainda é a de mais um round, não necessariamente o último, no pugilato entre petistas e tucanos.
Com Marina correndo por fora e empurrada pela enorme comoção com a morte de Campos.
Diante da perplexidade e da tristeza, o mais importante é destacar o homem, o marido, o pai Eduardo Campos.
Mas é impossível não dizer que a tragédia, mais uma em agosto, roubou do Brasil um político de grande futuro, para o qual o céu era o limite.