Eduardo Campos na bancada do Jornal Nacional.

Foto: divulgação TV Globo Aproveitando ao máximo os 15 minutos da entrevista no Jornal Nacional, nesta terça-feira (12), o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) pareceu ter sido bem instruído para sabatina ao vivo com os âncoras do telejornal de maior audiência do Brasil.

O postulante usufruiu da janela eleitoral proporcionada pelo programa para apresentar as principais bandeiras da campanha: Passe Livre e as escolas em tempo integral.

O esforço para se mostrar à vontade e com uma postura menos defensiva na bancada do telejornal se explica pelo reduzido tempo de guia eleitoral do candidato.

A exibição no JN equivale a todo o tempo de Eduardo durante duas semanas no bloco noturno do horário eleitoral.

O media trainning parece ter sido intenso, porque o candidato mostrou-se desenvolto diante das câmeras, apesar das perguntas mais polêmicas, como o “empenho” em eleger a mãe Ana Arraes para ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) e com o rompimento da aliança com o PT, depois de mais de dez anos atuando ao lado do partido.

As indicações dos primos para o TCE e da mãe para o TCU foram um dos principais assuntos do Jornal Nacional, na sabatina com Eduardo Campos.

Os apresentadores perguntaram se ele considerava a prática como “nepotismo” e se ele manteria a postura caso eleito.

O candidato rebateu os apresentadores se intitulando como o primeiro governador do País a criar uma lei contra o nepotismo.

Questionado sobre o empenho na eleição da mãe para o cargo, o socialista respondeu afirmando que não votou porque não era deputado.

O apresentador William Bonner insistiu sobre a questão ética no esforço do candidato em eleger Ana Arraes e, ao perguntá-lo diretamente se ele via algo de errado no “empenho pessoal” durante a eleição de Ana para o TCU, Eduardo respondeu sinteticamente: “Não!”.

O TCU é responsável por julgar e fiscalizar as contas do governo federal.

Ao ser indagado sobre as indicações de familiares para cargos públicos, como dois primos - Marcos Loreto e João Campos - para o TCE, Eduardo primeiro negou a indicação de ambos, dizendo que tinham sido nomeados pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Visivelmente contrariado, corrigiu-se dizendo que João Campos foi “indicado na vaga do Executivo e preenchia os requisitos do cargo”.

Ao longo dos questionamentos, ele destacou os “predicados” dos parentes.

Durante a entrevista, o candidato também defendeu a extinção de cargos vitalícios. “Eu acho que o Brasil deve fazer uma reforma constitucional para acabar com cargos vitalícios que ainda existem na Justiça, é preciso ter os mandatos também no Poder Judiciário, coisas que existem em outras nações do mundo, de maneira a oxigenar os tribunais, garantir que esse processo de escolha seja um processo mais impessoal”, defendeu o candidato diante da bancada.

ECONOMIA - Apesar de as indicações de familiares para cargos públicos terem sido as situações mais polêmicas durante a entrevista, os âncoras abriram a sabatina conversando sobre economia.

O candidato reiterou a comparação que vem fazendo durante a campanha de que o Brasil “está perdendo de 7 a 1”, em alusão à derrota da seleção brasileira para a da Alemanha na Copa do Mundo. “O Brasil perdeu de 7 a 1 dentro do campo, na Copa, e também está perdendo de 7 a 1 também fora do campo, porque é 7 de inflação com a presidenta guardando na gaveta dela para depois da eleição o aumento da energia e o aumento do combustível, mesmo assim com menos de 1 de crescimento”, criticou o postulante.

COERÊNCIAS - O ex-governador de Pernambuco afirmou que sua vice Marina Silva “não tem nada contra” o agronegócio, a indústria ou o desenvolvimento econômico.

O postulante sustentou a resposta criticando a repetição do discurso de que as contradições entre sustentabilidade e desenvolvimento são do século passado. “Hoje todo mundo bota numa equação só”, disse, ao defender uma postura de desenvolvimento com respeito ao meio ambiente e à inclusão.

Questionado especificamente sobre o Código Florestal, que foi apoiado por seu partido e duramente criticado pelo grupo político de Marina, Campos disse que a aliança dele com a vice é de pensamentos, de programa, não uma aliança de “personalidades”.

Campos destacou que no caso, em particular, ele defendeu as posições de Marina.