Os empresários do Polo Gesseiro do Araripe, que são responsáveis pela produção de 97% do gesso consumido no país, sentem-se abandonados pelos poderes públicos do Estado e do País.

Empregando cerca de14 mil pessoas de forma direta e 69 mil de forma indireta no Sertão de Pernambuco, região que historicamente oferece poucas oportunidades de geração de renda, os representantes do setor se queixam que não recebem o devido apoio apesar do grande potencial do polo para gerar desenvolvimento econômico e social na região.

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Gesso, Josias Inojosa, inúmeros entraves ao desenvolvimento do setor, como os relativos à matriz energética, mercado informal e capacitação de mão de obra, vem se perpetuando apesar das constantes reivindicações apresentadas aos órgãos competentes.

Esses entraves serão discutidos no simpósio “Polo Gesseiro – Potencialidades, Problemas e Soluções”, realizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC/PE), Sindicato da Indústria do Gesso do Estado de Pernambuco (Sindusgesso), Associação Nacional dos Produtores de Gesso (Assogesso), APCA - Academia Pernambucana de Ciências Agronômicas e Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP).

O objetivo do evento, que acontece de terça (12) a quinta (14), é mobilizar os segmentos governamental, acadêmico, empresarial, dos trabalhadores e o político para o comprometimento do planejamento institucional visando à solução dos entraves ao desenvolvimento do Polo Gesseiro.

As dificuldades para consolidar a biomassa como a matriz energética ideal para o setor é um dos principais entraves.

Pesquisa realizada pelo Serviço de Aprendizagem Industrial (Senai) aponta o uso de biomassa (lenha) como a alternativa mais adequada para as indústrias do gesso desde que haja manejo florestal. “Os órgãos responsáveis pela fiscalização e licenciamento ambiental não têm sido eficientes no cumprimento de suas obrigações na região.

Com isso, muitos produtores informais vem utilizando madeira não certificada, gerando concorrência desleal e causando danos ao meio ambiente”, afirma Josias.

Ele afirma ainda que faltam programas para criação de estrutura fundiária a fim de viabilizar diversos tipos de uso de florestas (manejo Florestal) como fonte de renda para o pequeno produtor.

Além disso, não existem linhas de financiamento, por meio de bancos ou de órgãos governamentais, para pesquisas em áreas específicas destinadas à indústria do gesso que englobem não só a matriz energética, mas também as demais etapas da cadeia produtiva.

O presidente do Sindusgesso afirma que o setor sofre também em virtude da ineficiência do Estado como controlador e fiscalizador dainformalidade na região.

De acordo com ele, a produção e o comércio informal têm crescido no Pólo Gesseiro. “As fiscalizações são feitas de forma esporádicas e abrangem apenas o mesmo grupo de empresas”, argumenta.“Desejamos que o exemplo do Ministério Público de Meio Ambiente de Pernambuco seja seguido pelos demais setores de fiscalização, primeiro cria-se o ambiente educacional e de presença constante, permeando o conhecimento das alternativas e requisitos legais, depois dá prazo para adequação, acompanha e cobra com o rigor da lei, é um exemplo deve ser seguido e que está dando certo, sem a necessidade de fechar nenhuma empresa ou prender ninguém”, afirma Josias.

Questão da capacitação de mão-de-obra é outro gargalo.

Para Josias, a exemplo do que tem sido feito para beneficiar o polo naval e automotivo na Região Metropolitana do Recife, o governo também deveria implantar um amplo programa de formação de mão-de-obra tanto na região do Araripe, como na formação do aplicador dos diversos produtos e sistemas construtivos com o uso de gesso na Construção Civil, a exemplo do programa “Pernambuco sem Fronteiras”, que infelizmente não avançou e que seria um excelente meio de qualificar trabalhadores a partir de EAD - Educação a Distância.