Gráfica de fachada em Brasília.
Foto: do site Congresso em Foco Atualizada às 17h54 Sem máquinas, bobinas ou funcionários, uma gráfica de Brasília recebe R$ 1,7 milhão mesmo sem funcionar.
Segundo matéria publicada no site Congresso em Foco, a empresa recebe o dinheiro do “cotão” da Câmara dos Deputados, verba paga aos parlamentares para bancar despesas sem licitação mediante reembolso.
Há cinco anos, a Gráfica e Papelaria BSB vem obtendo o dinheiro.
O ex-governador do Mato Grosso Carlos Bezerra (PMDB-MT) foi o maior contratante da Gráfica BSB, pertencente ao vendedor Edivaldo Francisco Oliveira.
Sozinho, Bezerra gastou R$ 392 mil.
Ele disse que fez boletins informativos.
Em fevereiro, pagou R$ 20 mil por 140 mil exemplares frente e verso.
Em gráficas de Brasília, o serviço sai por pouco menos de R$ 8 mil ou R$ 18 mil caso o material seja impresso em quatro páginas.
Bezerra disse ao site que recebeu os boletins e que não tem eventual responsabilidade em caso de irregularidades.
O deputado federal Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), vice na chapa de Armando Monteiro ao governo de Pernambuco, gastou 90 mil com serviços da gráfica.
Sozinhos, o ex-governador do Mato Grosso e outros quatro deputados, incluindo Rubem, foram responsáveis por 56% de tudo o que a gráfica BSB recebeu da Câmara de 2009 até hoje.
A sede da empresa é a residência do proprietário, o vendedor Edivaldo Francisco de Oliveira.
O endereço da empresa é uma casa simples no setor “P” Norte, de Ceilândia, no final de uma rua pavimentada, mas cercada por outras de terra.
Segundo o dono, ele apenas “terceiriza” o serviço, sem admitir que isso pode encarecer o preço e sem revelar quais seriam as verdadeiras gráficas que imprimem os materiais pagos com dinheiro público.
Orçamentos obtidos pelo site mostraram preços mais baratos cobrados por gráficas da concorrência.
O faturamento da Gráfica BSB com os cofres da Câmara só vem crescendo desde 2009.
Neste ano, em que há restrições à produção de materiais de divulgação durante a campanha eleitoral, a empresa do vendedor Edivaldo Francisco só recebeu R$ 92 mil.
Ele disse que sempre foi vendedor e que possui outros clientes, não só a Câmara.
Edivaldo diz que a “propaganda” é o motivo de seu sucesso em faturar R$ 1,7 milhão nos últimos anos mesmo sem ter nenhuma máquina, impressora ou bobina. “Eu faço minha propaganda.
Vou de gabinete em gabinete.
Eles ligam pra mim”, afirmou ele ao Congresso em Foco. “É porque eu mexo com isso, com vendas.” O vendedor afirma, depois de obter o serviço, faz cotação entre outras gráficas.
Ele emite a nota em seu nome e entrega o produto.
Edivaldo se negou a informar o nome de pelo menos uma das gráficas que realmente produzem os impressos. “São várias”, esquivou-se.
Edivaldo afirma que não há risco de o contribuinte pagar a mais pelo serviço, já que além de a Câmara bancar a impressão, precisa subsidiar a intermediação da empresa dele. “Não fica mais caro.
Aqui no Brasil quem não terceiriza?
Eu não posso terceirizar, não?
Isso tem cotação de preço”, justificou o dono da empresa, ao site do Congresso em Foco.
O vendedor disse não saber se as gráficas contratadas por ele conseguem trabalhar para a Câmara diretamente sem a intermediação dele.
A assessoria da Câmara não comentou o caso específico da gráfica.
Tampouco informou se tomará alguma providência.
A assessoria da Câmara disse ao Congresso em Foco que a responsabilidade pela legalidade dos gastos é de cada gabinete, que é quem deve atestar a entrega dos produtos e serviços contratados.
OUTRO LADO - Em resposta às informações, a assessoria do candidato informou que as notas cumpriram todas as normas exigidas pela Coordenação de Gestão de Cota Parlamentar da Câmara dos Deputados quanto à contratação de prestadores de serviço.
Segundo a nota, o valor de R$ 90 mil corresponde aos serviços de impressão realizados, pela empresa, ao mandato, entre 2009 e 2013.
Além disso, o último material rodado, pelo mandato de Paulo Rubem, com a empresa foi em 2013.
Leia a íntegra da nota Em resposta à matéria “Em Brasília, deputados pagam R$ 1,7 milhão a gráfica de fachada.
Paulo Rubem gastou R$ 90 mil”, veiculada no Blog do Jamildo, nesta quarta-feira (6), a assessoria de comunicação do deputado federal Paulo Rubem (PDT) informa: 1 - A Gráfica e Papelaria BSB (CNPJ 08.881.973/0001-99) tem CNPJ válido; 2 - As notas cumpriram todas as normas exigidas pela Coordenação de Gestão de Cota Parlamentar da Câmara dos Deputados quanto à contratação de prestadores de serviço; 3 - Os serviços solicitados de impressão e de material de expediente junto à referida empresa foram entregues nos prazos estabelecidos; 4 - Todos os materiais tiveram cópias anexadas às notas dos serviços; 5 - O valor de R$ 90 mil corresponde aos serviços de impressão realizados, pela empresa, ao mandato, entre 2009 e 2013. 6 - O último material rodado, pelo mandato de Paulo Rubem, com a empresa foi em 2013; Assessoria de Comunicação do Deputado Paulo Rubem (PDT)