O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), questionou, nesta terça-feira (5), o conteúdo da matéria publicada pela revista Veja no último fim de semana relativa à CPI da Petrobras e a tentativa “delirante” da oposição de envolver a presidenta Dilma Rousseff na suposta denúncia feita pelo veículo de comunicação.

Segundo a revista, os investigados pela CPI receberam as perguntas dos senadores com antecedência e foram treinados a responder.

Em discurso na tribuna da Casa, Humberto Costa defendeu os senadores Delcídio Amaral (PT-MS), citado na reportagem, e José Pimentel (PT-CE), relator da CPI cuja oposição pediu o afastamento da função.

Ele ainda ressaltou que a troca de informações entre integrantes de uma CPI e depoentes são absolutamente normais, procedimento já adotado, inclusive, pela oposição em outras ocasiões, como na CPI do Cachoeira.

De acordo com o parlamentar, é absolutamente natural que haja trocas de informações institucionais entre as assessorias da CPI e das lideranças com a Petrobras ou qualquer outra empresa pública investigada, pois o Senado não é uma delegacia de polícia. “Não há nada de ilegal nisso, uma vez que são as assessorias – formadas aqui não só pelo pessoal do Senado, mas por servidores requisitados de outros órgãos, como TCU, CGU e Polícia Federal – que buscam os subsídios com que nós parlamentares – e mais especificamente o relator de uma CPI – vamos trabalhar na fase das oitivas dos depoentes”, explicou. “Qual é a ‘farsa’ que há nisso, para usar uma expressão com que muitos têm tentado desqualificar o trabalho do Senado?

Qual a fraude que há nisso?

Onde está o erro em funcionários da Petrobras forneceram à CPI informações com base em questões formuladas pela assessoria da comissão?

Qual o problema?

Estão querendo transformar uma cortina de fumaça, uma montanha de espuma em mais um escândalo”, afirmou.

Humberto Costa lembrou que o PSDB já reuniu uma série de assessores jurídicos para combinar as perguntas que iriam ser feitas ao governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, à época em que foi depor na CPI do Cachoeira.

O parlamentar observou também que a própria oposição, que trabalhou pela criação da CPI da Petrobras, não contribuiu em nada com o andamento dos trabalhos da CPI da Petrobras, pois não participa das reuniões. “Em que eles, que se julgam tão brilhantes e definidores no papel de inquiridores, fizeram andar mais a investigação na comissão mista em relação à comissão do Senado?

Eu respondo: em nada.

Absolutamente nada”, disparou.

No discurso, o líder do PT cobrou ainda explicações sobre o aeroporto de Cláudio (MG), que o então governador do Estado e hoje candidato a presidente, Aécio Neves (PSDB), mandou construir nas terras da própria família, ao custo de R$ 14 milhões, sem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Além disso, Humberto pediu a instalação da CPMI do Metrô de São Paulo, para aprofundar as investigações do escândalo que se arrasta há mais de 20 anos e teria desviado quase R$ 5 bilhões dos cofres públicos.

Frouxa Humberto Costa classificou a reportagem da revista Veja como “fraca, frouxa e insustentável”, do ponto de vista jornalístico e editorial, e como “um ajuntamento de tolices”, do ponto de vista político. “O primeiro ato que beira à ridicularia é querer envolver a presidenta da República, mais uma vez, em um tema sobre o qual ela nada tem a ver. É absolutamente inaceitável querer levar o enfrentamento eleitoral a níveis tão baixos, tão desarrazoados, com a finalidade de criar factoides políticos.

A presidenta da República não participa de um debate que está, dada a sua natureza, rigorosamente circunscrito ao Senado Federal”, declarou.