Por Albanise Pires, candidata ao Senado pela coligação Mobilização Por Poder Popular (PSOL/PMN) Em junho de 2013 iniciamos um novo momento político no Brasil com as chamadas ‘Jornadas de Junho’.
O estopim foi a repressão a uma manifestação popular contra o aumento no valor da passagem de ônibus na cidade de São Paulo.
E contrárias àquela ação policial, eclodiram manifestações por todo o país.
E não mais se questionavam apenas os 20 centavos de aumento nas passagens de ônibus, mas se reivindicava, antes de tudo, o direito à livre manifestação popular.
E foi natural a ampliação das pautas reivindicatórias das inúmeras manifestações, com especial ênfase ao questionamento do modelo de representação política em vigor no país desde o final da ditadura militar.
O gigante acordado passou a exigir um novo modelo de atuação política e participação popular com controle social para discutir todos os grandes temas de interesse da nação.
Hoje estamos vivendo o primeiro processo eleitoral após as Jornadas de Junho.
E o que estamos vendo?
Uma repetição cega e ultrapassada dos velhos métodos de se fazer política; grandes coligações completamente desprovidas de princípios; e campanhas eleitorais milionárias sem qualquer conteúdo político.
A velha política, mesmo travestida de ‘nova política’, não foi despertada pelas Jornadas de Junho e continua tratando as eleições como a velha ‘festa da democracia’, da ilusão do ‘pão e circo’ e da inaceitável prática do toma-lá-dá-cá.
Neste processo eleitoral, reinam contradições e contorcionismos retóricos nas duas maiores coligações em Pernambuco.
Numa coligação temos um representante do empresariado compondo a chapa majoritária com um ex-sindicalista do campo dos trabalhadores.
Numa outra, temos um representante da velha oligarquia sertaneja compondo a chapa com um tecnocrata a serviço da despolitização da própria política, e que ousam chamar de ‘nova política’.
E quando observamos as eleições para o Senado Federal, vemos uma total ausência do debate político de competência do Poder Legislativo federal e um empobrecimento do processo eleitoral, como se estivéssemos vivendo uma eleição para o executivo municipal. É necessário que discutamos os grandes temas da política nacional no debate para o Senado, como as reformas política, tributária e trabalhista; auditoria da dívida pública; desmilitarização da Polícia Militar; direito de greve no serviço público; redução da maioridade penal; políticas públicas para a emancipação das mulheres e no combate à violência doméstica e obstétrica; casamento civil igualitário; políticas públicas no combate às opressões a todas as minorias (homossexuais, negros, crianças e jovens, idosos).
Foi neste contexto que analisamos o mandato de João Paulo como deputado federal, definindo-o como pífio.
Sua atuação no Congresso Nacional não corresponde à enorme votação que os pernambucanos lhe confiaram.
Do terceiro deputado mais bem votado no estado, esperava-se uma grande liderança da política nacional, com destacada atuação no Congresso.
Mais do que isto, se esperava de um parlamentar que foi prefeito da capital da terra de Frei Caneca, de um Estado com forte tradição política e de vanguarda no cenário nacional, uma outra postura, que fosse além de um membro do baixo clero da base de sustentação do governo federal.
Diante da nossa provocação construtiva para elevar o nível do debate eleitoral, a assessoria de João Paulo nos respondeu pela imprensa apresentando as estatísticas de sua atuação no parlamento.
Dentre os números apresentados, cita 79 pronunciamentos.
Perguntamos a qualquer cidadão pernambucano: você já viu ou ouviu falar de algum pronunciamento do deputado João Paulo na Câmara?
Nem eu!
A quase totalidade dos PLs por ele apresentados não passaram de pequenas alterações de leis em vigor, que não foram sequer apreciados pelas comissões ou mesmo já foram arquivados.
Portanto, não podemos chamar a isto de “atuação qualificada”, tanto é que o próprio João Paulo não usa o balanço de seu mandato como deputado federal na sua campanha ao Senado, que é um espaço institucional que requer protagonismo na atuação parlamentar.
O que nos resta de positivo desta pequena polêmica com João Paulo é que nossa candidatura já conseguiu conduzir o debate para o lado certo e que quando temos espaços democráticos, com tempos isonômicos para apresentar nossas ideias, o debate político com mais qualidade consegue chegar aos eleitores.
Seguiremos este caminho nestas eleições, debatendo ideias, fazendo os balanços necessários para esclarecer os eleitores, com a coragem de quem tem a certeza de que, na política, nada será como antes!