Aécio Neves, sobre política externa e Israel. “O Brasil sempre se caracterizou por ter uma política diplomática, uma política externa do equilíbrio, e é isso que deve retornar a conduzir as nossas ações, as nossas manifestações.

O Brasil ao longo dos últimos anos optou por um alinhamento ideológico na sua política externa, e é ele que conduz as principais ações do governo, a meu ver, com prejuízos graves ao Brasil, seja em relação à incapacidade que tivemos ao longo desses últimos anos para ampliar as nossas relações com o mundo”. “Conversava nesses últimos dias com o ministro Durão Barroso, que preside a Comissão Europeia, e ele próprio testemunhava a perda de espaço do Brasil com o atraso, por exemplo, das negociações com a comunidade europeia.

Ao mesmo tempo em que eles avançam em entendimentos, a União Europeia, com o Canadá e com os Estados Unidos, apenas um exemplo muito claro, o espaço que havia sido negociado para produtos do agronegócio, onde o Brasil é extremamente competitivo, essas cotas estão sendo ocupadas a partir dessas outras negociações, os espaços para o Brasil ficarão cada vez mais estreitos.

O Brasil, algumas décadas atrás, chegou a participar com 2,3% do conjunto do comércio exterior, do comércio internacional.

Hoje participa com 1,3% e essa posição nossa é declinante”. “Em relação a essa última manifestação, faltou o equilíbrio.

Todos temos que condenar o uso excessivo da força por parte de Israel, mas da mesma forma temos que condenar também as ações do Hamas, com o lançamento sucessivo de foguetes.

Faltou um brado, uma palavra mais clara de convocação a um cessar-fogo e a um entendimento entre as partes.

O Brasil se precipitou, a meu ver, em uma nota com um viés muito mais unilateral do que seria conveniente e esperado de um país como o Brasil.

Como disse, temos que condenar a violência de todos os lados.

A palavra do Brasil tem que ser sempre a do equilíbrio e faltou [EQUILÍBRIO], mais uma vez, nesse campo”.

Inflação “Essas avaliações apontam na mesma direção: o fracasso da política econômica da atual presidente da República.

Existe algo quando se fala de economia que é essencial e fundamental, chama-se expectativa.

A economia se move em função de expectativas.

A inflação se move em função de expectativas.

Se você tem uma função represada, há uma expectativa de que em determinado momento ela vai ser liberada, isso já gera uma prevenção, que acaba por alimentar a inflação.

O atual governo, o governo da presidente Dilma, perdeu a capacidade de gerar expectativas positivas, seja nos agentes internos, seja nos agentes externos.

Isso impacta fortemente no nosso crescimento”. “Conversava com alguns analistas nessa semana, e esses dados publicados hoje vão na mesma direção, boa parte deles já projeta um crescimento esse ano abaixo de 1%, inimaginável há algum tempo.

E não adianta mais terceirizarmos responsabilidades, porque vizinhos nossos, com economias muito menos complexas e estruturadas do que a nossa, vão crescer mais do que crescemos.

O governo da presidente Dilma fracassou.

E concordo com a maioria dessas análises.

Mais quatro anos do atual governo do PT significa mais quatro anos de baixíssimo crescimento, mais quatro anos com a inflação sem controle e, infelizmente, com impactos que já começamos a perceber também no emprego”.