Arte: Bruno Carvalho/NE10 Por Marcela Balbino e Paulo Veras, do Blog Não há escapatória.
De dois em dois anos, a cada eleição, surgem novos candidatos com nomes excêntricos, que beiram a bizarrice e entram para o rol folclórico do pleito.
Sempre permeando a política, o humor é uma maneira de criticar e protestar contra o poder estabelecido.
Mas, em alguns casos, é apenas mais uma tentativa de aparecer.
E, nas eleições 2014, os candidatos exóticos também terão sua cota na disputa.
Numa rápida consulta ao site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) encontra-se uma autêntica “fauna” eleitoral, com direito a Dengue, Macaco, Brasil e até Bingo.
Tião, o macaco que teve 400 mil votos na corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 1988, provavelmente ficaria surpreso ao descobrir que, duas décadas depois de ser “eleito”, uma advogada de 27 anos chamada Marilia Gabriella Pedrosa de Sousa herdaria a mesma alcunha.
Sem mencionar o candidato “ilustre”, a jovem admite ter escolhido o nome como maneira de chamar a atenção.
Veja a opinião de eleitores sobre os candidatos: [NE10] Populares comentam sobre candidatos com nomes incomuns. “Tenho 27 anos, sou jovem e como todo jovem estou conectada.
Tenho percebido que o diferente causa atenção.
Tanto que se eu não tivesse colocado esse nome, nem você teria me ligado”, cravou a candidata a deputada federal, acrescentando que a escolha foi feita em conversas com amigos e conhecidos. “Eles queriam um nome diferente e acharam que esse era bom”, disse Macaco Tião (PHS), afirmando que apostará nas redes sociais para disseminar as ideias de campanha.
Há 26 anos, o Macaco Tião original ficou em terceiro lugar na disputa para prefeito do Rio de Janeiro.
A prática chegou ao fim a partir de 1996, quando as cédulas foram substituídas por urnas eletrônicas.
Com isso, ficou impossível votar em candidatos que não sejam reconhecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já o policial militar reformado Aldemir Francisco do Nascimento transformou o nacionalismo em apelido.
Conhecido como Brasil (PC do B), ele disse que o nome o acompanha desde a infância, por causa do patriotismo quase ufanista. “Paixão de coração não tem como mudar, não é verdade?”, comentou, sobre o país.
Candidato Brasil aproveita eventos de motociclismo para fazer campanha.
Foto: Facebook/divulgação Amante das duas rodas, o candidato fundou em 2005 o Motoclube Brasil Caveira, no Engenho do Meio, Zona Oeste do Recife.
Atualmente, ele preside o grupo, que tem 35 membros.
Além de compartilhar a paixão pelas motocicletas, Brasil usa o espaço para fazer eventos da campanha.
As próximas agendas, como candidato a deputado estadual, são em Petrolina e Bezerros, durante eventos de motociclismo. “No WhatsApp meu nome já está rolando”, disse a ‘Máquina de Conhecimento’, ou melhor, Valmir Luiz de Santana (PTN).
Sargento reformado da Polícia Militar (PM), o político conta que “a máquina” é resultado dos anos dedicados ao trabalho no setor de legislação da organização.
Ele ajuda outros policiais a darem entrada em processos administrativos.
A Máquina transformou o serviço em pleito e plataforma de campanha.
O candidato criticou o fato de em Pernambuco não existir um site que tenha os decretos e legislação interna da PM, por exemplo.
Arte: Guilherme Castro/NE10 Entre as principais propostas estão destinar os R$ 50 milhões de emendas parlamentares para a construção de um Hospital da PM no Sertão e reduzir os impostos sobre os armamentos comprados por PMS “porque eles compram para proteger o cidadão”, defendeu o político, que contraiu um empréstimo para fazer a campanha.
A paixão pelos jogos deu a Valdir Amaro Carneiro, 34 anos, o apelido de Bingo (PT do B).
Suplente de vereador em Palmares, na Mata Sul, o candidato conta que ninguém o conhece por Valdir.
A reportagem, inclusive, teve dificuldade em encontrá-lo quando perguntava pelo seu nome de batismo. “Sempre gostei de política.
Acho bonito o comício, a manifestação nas ruas, mas só me dediquei intensamente à campanha de 2012”, contou o candidato, que disse estar comprometido com a questão de emprego e renda no município.
Arte: Guilherme Castro/NE10 À frente de pesquisas políticas, o economista Maurício Romão explica que esses candidatos têm pouca dimensão eleitoral. “Talvez nas eleições para vereadores eles tenha mais presença, mas se você fizer uma análise do TRE vai perceber que as votações são absolutamente inexpressivas”. “Ficam no campo mais folclórico, da bizarrice, da extravagância”, comentou.
Porém, do ponto de vista político, Romão comenta que a extravagância não faz bem ao processo eleitoral, uma vez que corrobora o sentimento de ‘anti-política’ que permeia a sociedade brasileira atual. “Esse tipo de postura apenas contribui para ridicularização do processo político e não para o aperfeiçoamento”, afirmou. “Não chega a ser um dano irreparável, mas denigre a imagem da classe política, que já está tão desgastada”, pontuou.
Pescador de baleia, Irmão Pedro o Gary abençoado e Dengue são outros “ilustres” candidatos que devem entrar na disputa para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) este ano.
E tome graça!