Por Jorge Cavalcanti Do Jornal do Commercio desta quinta-feira (17).

Após ter sido anunciado como pré-candidato a governador do presidenciável Eduardo Campos (PSB), o ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara (PSB) usou aviões fretados pelo governo do Estado para cumprir agendas administrativas pelo interior, numa estratégia política para torná lo conhecido.

A tática - que não apresenta ilegalidade - é semelhante à que o ex-presidente Lula adotou em relação à sua escolhida para sucedê-lo.

A então ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, passoua acompanhá-lo em eventos de toda natureza.

Paulo Câmara participou de inaugurações em seis ocasiões diferentes.

O valor total do aluguel das aeronaves à empresa de táxi aéreo Weston consumiu R$ 205 mil do erário.

Em todos os voos, entre os dias 2 e 30 de março, Paulo viajou na companhia doseu padrinho político, como revela um levantamento do JC no Portal da Transparência.

O site fornece para a pesquisa informações detalhadas sobre o aluguel de aeronaves.

Antes, a lista com o nome das pessoas a bordo não era publicada.

Entre agosto de 2013, início da divulgação dos dados de forma mais transparente, e o dia 24 de fevereiro, quando o então secretárioda Fazenda foi confirmado como pré-candidato, o Estado havia contratado 20 voos.

Paulo Câmara não foi passageiro em nenhum deles.

Viajar não era uma atividade tão comum ao cargo que exercia.

No Carnaval, Paulo Câmara começou a se deslocar para visitar cidades de várias regiões do Estado.

Como ainda ocupava a Secretaria da Fazenda, antes das convenções partidárias, podiaintegrar a comitiva do governador, embora não costumasse fazê lo.

No dia seguinte ao desfile do Galo da Madrugada, no Recife, ele voou para Arcoverde, no Sertão.

O frete custou ao Estado R$ 33,5 mil.

A segunda viagem foi realizada no dia 13 de março.

Ao lado de Eduardo, Paulo Câmara cumpriu agenda também no Agreste e teve um dia movimentado.

Participou da inauguração do Açude da Nação, no município de Bom Conselho, além de inspecionar a construção de uma estrada e de uma Escola Técnica.

Seguiu para Garanhuns, onde assistiu ao corte da fita da reforma do Hospital Regional Dom Moura.

O segundo voo saiu por R$ 56 mil.

Ter se deslocado de avião possibilitou ao candidato retornar ao Recife a tempo de participar, à noite, de uma evento organizado pelo PSB, em bar na área central da cidade.

Paulo e o restante da chapa majoritária da Frente Popular foram apresentados a diversos segmentos da classe artística por figuras como o escritor Ariano Suassuna.

Uma semana depois, Paulo Câmara voou novamente pelo erário para cumprir uma agenda de oito atividades no Sertão.

Nenhuma delas com vínculo direto com a pasta que ocupava.

Nos dias que antecederam o fim do prazo de desincompatibilização, Paulo intensificou as viagens.

Entre os dias 26 e 30 de março, foram três aluguéis de aeronaves, ao custo total deR$ 67,6 mil.

Assessoria diz que viagens já eram comuns Por nota, a assessoria de imprensa do candidato Paulo Câmara (PSB) disse que a presença dele em viagens ao lado do ex-governador Eduardo Campos foi “uma realidade” ao longo dos últimos sete anos. “Elas sempre aconteceram, tanto em voos comerciais como fretados.

No entanto, a sua participação nas agendas não era evidenciada na imprensa pela postura discreta do então secretário”,diz um trecho da curta nota.

Antes de agosto de 2013, o nome dos passageiros das aeronaves alugadas não era fornecido ao público.

Apenas o nome da empresa e o valor e a data do contrato ganhavampublicidade.

Desde que a divulgação dos custos ficou mais transparente, porém, 20 voos foram contratados.

E PauloCâmara não esteve presente em nenhum deles.

Só viajou de aluguel pago pelo erário depois que foi anunciado como candidato.

Em julho de 2013, o então governador Eduardo Campos assinou o decreto elevando o grau de transparência nos gastos com aeronaves alugadas dois dias depois da coluna JC Negócios, assinada por Fernando Castilho no caderno de Economia do JC, mostrar que o governo, por meio da Casa Militar, havia contratado R$ 5,1 milhões em viagens em helicópteros e aviões executivos nos últimos 18 meses.