O desempenho da indústria automobilística no segundo semestre deste ano representará um importante marco para o setor: a retomada do crescimento. É o que apontam os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, divulgados na segunda-feira, 7, em São Paulo – que trazem novas projeções para o encerramento do ano.

A justificativa para esta alteração de viés, na visão de Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da entidade, baseia-se no fato de que boa parte dos desafios do primeiro semestre foi superada: “As turbulências que pairaram sobre o setor neste primeiro semestre estão sendo superadas e o viés agora é de crescimento.

As questões de financiamento pelo PSI, que travaram a comercialização de veículos pesados e máquinas autopropulsadas no início do ano, foram resolvidas.

O acordo com a Argentina foi assinado e já está em vigor.

As alíquotas do IPI foram mantidas até o fim do ano.

São fatores que nos fazem ter a convicção que o segundo semestre será melhor que o primeiro”.

Luiz Moan Yabiku Junior lembra que o cenário pode ser ainda mais positivo se houver oferta de crédito: “Ainda há um cenário de forte restrição ao crédito, que se for minimizado poderá funcionar como catalisador do desempenho”.

A indústria automobilística registrou retração no licenciamento de autoveículos quando comparadas as 263,6 mil unidades comercializadas em junho deste ano com as 293,4 mil de maio – baixa de 10,2% – e com as 318,6 mil do mesmo mês do ano passado – menor em 17,3%.

O período acumulado do primeiro semestre também apresenta recuo: 7,6% ao se comparar as 1,66 milhão de unidades de 2014 com as 1,80 milhão de igual período de 2013.

Nas exportações o sexto mês teve queda de 31,2% com relação a maio – 24,2 mil unidades contra 35,2 mil – e de 51,1% frente a junho de 2013, quando saíram do País 49,4 mil autoveículos.

O total de unidades exportadas na primeira metade do ano ficou 35,4% abaixo do mesmo período de 2013: foram 169,5 mil este ano contra 262,3 mil no ano passado.

Com este cenário a produção também apresentou recuo: de 16,8% no acumulado do semestre, ao se defrontar as 1,57 milhão deste ano com as 1,88 milhão do ano passado.

Em junho de 2014 foram produzidos 215,9 mil autoveículos, o que representa diminuição de 23,3% com relação as 281,4 mil de maio e de 33,3% sobre as 323,9 mil de junho de 2013.

No segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias as 5,9 mil unidades de junho ficaram 23,2% menor com relação as 7,6 mil de maio e 29,7% aquém das 8,3 mil de junho de 2013.

O primeiro semestre acumulado apresenta redução de 16,5%: foram 40,4 mil máquinas produzidas no período em 2014, enquanto em 2013 foram 48,4 mil.

As vendas internas de máquinas autopropulsadas no atacado em junho deste ano ficaram 6% inferiores do registrado em maio – 5,8 mil contra 6,2 mil – e 21,5% abaixo das 7,4 mil comercializadas no sexto mês de 2013.

No acumulado, as 32,9 mil unidades dos primeiros seis meses deste ano estão 20% abaixo das 41,1 mil de igual período de 2013.

Novas projeções A Anfavea revisou suas projeções para o fechamento de 2014.

A expectativa agora é de retração de 5,4% nos licenciamentos, enquanto na produção é de 10% e nas exportações é de 29,1%.

Os números, apesar de negativos, indicam que o segundo semestre será melhor que o primeiro em todos os itens.

As projeções para encerramento do ano no segmento de máquinas agrícolas e rodoviárias também foram revisadas: a nova perspectiva é de queda de 12% nas vendas, baixa de 13,3% na produção e recuo de 10,3% com relação às exportações.

Se confirmado, este ano caminha para terminar em patamares maiores do que aqueles de 2012 e atrás apenas de 2013, que registrou recordes históricos.