As campanhas socialistas de Eduardo Campos e Marina Silva à presidência da República e de Rodrigo Rollemberg ao governo do Distrito Federal foram iniciadas neste domingo (6), na comunidade Sol Nascente, em Ceilândia, cidade satélite do Distrito Federal e considerada uma das regiões mais pobres do entorno de Brasília.

A comunidade disputa com a Rocinha o título de maior favela da América Latina.

Os dois candidatos percorreram a comunidade, conversaram com moradores, comerciantes e pequenos empreendedores da região para conhecer suas preocupações e expectativas diante de um novo governo.

Eduardo, Marina e Rodrigo estavam acompanhados dos candidatos a vice-governador, Renato Santana, e do candidato ao Senado, Reguffe, ambos do Distrito Federal, além de dirigentes e militantes socialistas. “O Sol Nascente foi escolhido por simbolizar Brasília real, ou seja, fora dos gabinetes oficias do governo federal e do Congresso Nacional”.

De acordo com o primeiro secretário Nacional do PSB e coordenador geral da campanha presidencial, Carlos Siqueira, o sol nascente é um local que corresponde a alguns dos principais eixos da campanha socialista, “que são as necessidades de uma reforma urbana, a questão da violênca e saneamento ambiental.

O sol Nascente é um lugar que simboliza todas essas carências”, destacou.

Eduardo Campos e Marina Silva são candidatos ao governo federal pela coligação Unidos pelo Brasil que compreende os partidos: PSB, REDE, PPS, PPL, PRP, PHS e PSL.

Rodrigo Rollemberg, Renato Santana e Reguffe são candidatos pela coligação Somos Todos Brasília, integrada pelo PSB, PDT, Rede, PSD e Solidariedade.

Ao lado da vice, Marina Silva, Campos concedeu uma entrevista a jornalistas sobre um amontoado de lixo na via central do bairro “Não se pode admitir que a 35 km do Palácio do Planalto, num Estado governado pelo mesmo partido, você ande pelas ruas de uma comunidade em que sequer o lixo é retirado das ruas”, disse Eduardo. “Uma força política que governa Brasília, e tem o governo federal, mas não consegue tirar o lixo do meio da rua das comunidades pobres não deveria nem disputar a eleição”, frisou.

Como se no Recife não tivéssemos favelas, não é?

Localizada no entorno de Brasília, na cidade satélite de Ceilândia, a comunidade do Sol Nascente foi escolhida pela coligação exatamente por traduzir a dicotomia entre o “Brasil real” e o “Brasil oficial” apontado pelos candidatos, que têm defendido uma aproximação entre as realidades do Brasil. “Brasília é o ponto de partida de nossa caminhada e haverá de ser o ponto de chagada”, disse Marina Silva. “Uma coisa importante é que nós queremos basear nossa campanha em uma carta dos brasileiros e aqui nós temos uma visão do que é isso: a ausência do serviço público de qualidade na segurança, na educação, no serviço de esgoto, na ausência dos serviços públicos dentro de uma cidade que fica a poucos quilômetros de Brasília”, acrescentou.

Segundo os socialistas, Eduardo e Marina foram bem recebidos pela população e prometeram voltar, quando eleitos, para definir um programa de ação que corrija as mazelas da região.

Símbolo da favelização do Distrito Federal, a comunidade do Sol Nascente foi criada em 2008 e é formada, na maior parte, por imóveis ainda em situação irregular. “Viemos para ajudar, para servir”, avisou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato da coligação ao GDF. “Nós queremos governar junto com vocês, conhecendo os problemas de vocês, para melhorar a vida da população”, destacou. “Nós temos o desafio de construir uma nova forma de fazer política”, disse Reguffe. “Uma política mais limpa, mais decente e que cuide das prioridades da população”, avisou, frisando que Eduardo e Marina são os líderes ideais para esse processo de renovação do país.

Mazelas do Brasil Em 2013, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Sol Nascente tornou-se a maior comunidade da América Latina, deixando para trás a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Ultrapassou o contingente de 70 mil habitantes – quando considerados os moradores do Pôr do Sol, condomínio que faz parte do complexo, esse número chega a 78,9 mil pessoas.

Em 2010, eram 56 mil moradores.

Encravada na cidade de Ceilândia, a Sol Nascente registra os piores indicadores de infraestrutura de toda a capital federal.

Segundo a Codeplan, órgão do Governo do Distrito Federal (GDF), apenas 6,1% das moradias são ligadas à rede de esgoto; a coleta de lixo atende menos da metade de sua população e 94% das ruas ainda não foram pavimentadas.

Quase a metade dos moradores é de imigrantes, cuja grande maioria veio do Nordeste, sobretudo do Maranhão e Piauí.

A população do Sol Nascente também convive de perto com a violência: Ceilândia registrou 23% dos assassinatos e 20% dos roubos do DF em 2013.