Realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com apoio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Nacional de Juventude e da Secretaria-Geral da Presidência da República, o mapa da violência é baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que tem como fonte os atestados de óbito emitidos em todo o País em 2012.
Nos últimos 30 anos, houve mais de 1,1 milhões vítimas de homicídio no Brasil.
O número supera países envolvidos em disputas territoriais ou em guerra civil.
Em 2012 foi registrado no Brasil o maior número absoluto de homicídios desde 1980, quando atingiu a marca de 56.337 mortes.
Uma das evidências demonstradas é a proliferação da violência no interior do país.
Entre 2002 e 2012, as regiões Norte e Nordeste, historicamente as que menos registravam crimes, vivenciaram crescimento vertiginoso da violência.
No Nordeste, Bahia, Rio Grande do Norte e Maranhão mais que triplicaram os homicídios.
No Norte, foram registrados 6.098 homicídios em 2012.
Pará e Amazonas tiveram o dobro de assassinatos registrados no mesmo intervalo de tempo No período analisado, Centro-Oeste e Sul tiveram aumentos percentuais de 49,8% e 41,2%, respectivamente.
Já no Sudeste, o cenário foi mais diverso, com redução no Rio de Janeiro e São Paulo.
Já em Minas Gerais, os homicídios cresceram 52,3% entre 2002 e 2012.
O estudo indica que o investimento em políticas públicas nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, ajudou a diminuir a violência.
Por outro, houve o desenvolvimento de novos polos econômicos no interior, que atraíram investimentos e também criminalidade, “sem a proteção do Estado como nas outras cidades”.
Bene Barbosa, especialista em segurança pública e presidente da ONG Movimento Viva Brasil, concorda com a afirmação. “Os criminosos escolhem cidades menores e com onde o aparato policial é sempre mais frágil”.
Outra dedução do estudo é que o quadro em relação aos homicídios se manteve estável após o estatuto e campanha do desarmamento.
Em vigor desde 2003, a política desarmamentista não atenuou os índices de violência.
Barbosa afirma que o impacto da medida, ao contrário, auxiliou no aumento do índice de homicídios no país. “Ao desarmar as possíveis vítimas, o Estado acaba por dar mais seguranças aos criminosos que, não temendo a fraca legislação e baixíssima taxa de elucidação de crimes, acabam por cometer mais e mais crimes e consequentemente mais homicídios”, afirma.
Barbosa cita o Nordeste como exemplo da relação direta entre a campanha do desarmamento e a violência. “Não é sem motivo que na região a criminalidade explodiu ao mesmo tempo que foi a região mais participativa nas campanhas de desarmamento e que possui o menor números de armas legalizadas de acordo com dados da Polícia Federal”.