Foto: BlogImagem Por Paulo Veras, repórter do Blog “Geraldo Julio, se liga aí, o Estelita vai fazer você cair!”, o grito de ordem entoado na tarde desta segunda-feira (30) no hall de entrada da Prefeitura do Recife por um grupo de 30 militantes do movimento Ocupe Estelita foi o ápice questionamento do grupo à autoridade do prefeito Geraldo Julio (PSB) durante a ocupação do edifício-sede da PCR.

Curiosamente, o socialista foi o fiador do acordo que levou o consórcio Novo Recife a concordar na revisão do empreendimento, como querem os militantes.

O grupo de ativistas ocupou a entrada do Executivo municipal por discordar do modelo de negociação tocado pela prefeitura.

E por, como foi repetido à exaustão nesta segunda, “não confiar” no prefeito como mediador do processo que ele mesmo iniciou.

A ideia da militância era passar o comando das discussões para a mão do Ministério Público de Pernambuco. “Vamos infernizar a vida política dele”, prometeu, logo pela manhã, Edilson Silva, que é candidato a deputado estadual pelo PSOL. “Qualquer inauguração que ele for fazer, nós vamos estar lá”, garantiu em tom enérgico, como se fosse porta-voz do movimento.

Horas depois, a participação dele na comitiva que eventualmente discutiria com o prefeito foi rejeitada em uníssono.

Ativistas do Ocupe Estelita dizem que vão tirar o prefeito do Recife Geraldo poderia não ter dado tanta brecha ao movimento.

Por três vezes, como repórter do Blog, questionei o prefeito sobre a construção das torres do Novo Recife no Cais José Estelita e ele respondeu que o empreendimento havia sido aprovado na gestão anterior e os questionamentos eram caso da Justiça.

A última delas, já após a ocupação do terreno, quando ele disse que a PCR já havia cumprido sua parte.

No dia 2 deste mês, porém, ele suspendeu o alvará de demolição dos galpões e convocou representantes do movimento para iniciar o processo de negociação que é questionado agora.

Na época, avalizou a ocupação do terreno privado no cais.

O discurso se voltou contra ele nesta segunda, quando o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, classificou o ato na prefeitura como ilegal.

A ocupação ao prédio da PCR começou por volta das 9h.

A tempo de impedir a realização de uma reunião marcada para as 10h entre o prefeito e entidades da sociedade civil como OAB, IAB, CAU, Crea, UFPE, Universidade Católica de Pernambuco e o Observatório do Recife.

A ideia era conseguir o endosso das entidades ao modelo de negociação proposto pela prefeitura; que previa a revisão do Novo Recife 30 dias após a realização de uma audiência pública.

O Ocupe se queixou de não ter sido chamado, mesmo que nessa etapa o próprio consórcio ainda não ter sido ouvido; como confirmou ao Blog de Jamildo à professora Liana Cirne Lins, uma das integrantes do grupo Direitos Urbanos.

O motivo da desconfiança seria a reintegração de posse realizada no dia 17 deste mês pela Polícia Militar que, como é óbvio, responde ao Governo do Estado.

Na época, Geraldo chegou a se queixar publicamente da ação, a despeito de o governador João Lyra Neto (PSB) ser um aliado. “As suas mãos estão manchadas de sangue!”, gritou uma manifestante para Murilo, em referência à força usada pela PM na reintegração de posse.

O secretário tentou explicar que a PCR não tem gerência sobre a corporação.

Argumentou uma, duas, seis vezes.

Depois desistiu e foi acompanhar a ocupação na Prefeitura de longe.

Na gestão atual, ele foi responsável por modernizar a visão de segurança com o Pacto Pela Vida do Recife e a criação dos Compaz. “Foi culpa do Executivo!”, criticou outro ativista para o secretário da Juventude, Jayme Asfora, que voltou a repetir que a PM não responde à prefeitura. “Mas foi uma gestão do PSB”, rebateu o interlocutor. “Estou vendo várias pessoas do PSOL aqui, do PPS, do PT; e nem por isso digo que o movimento está partidarizado”, rebateu o secretário.

Ex-presidente da OAB, Jayme Asfora foi o mais hostilizado.

Em dado momento, jogaram uma casca de banana nele, que apanhou e colocou no lixo.

Depois disso, passou a se referir ao ato desta segunda como “invasão a um prédio público”.

Asfora foi o principal negociador do prefeito com o movimento.

A PCR aceitava dialogar, desde que a ocupação fosse encerrada; coisa a que os manifestantes se opunham.

Até o início do protesto, Geraldo Julio vinha sendo a principal força política a garantir a revisão do Novo Recife. À tarde, após os inúmeros questionamentos à isonomia do prefeito como coordenador da mesa de negociação, o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, reiterou que o modelo será mantido e a prefeitura continuará mediadora mesmo sem a concordância do movimento.