Foto: Léo Caldas/Divulgação O nome do deputado federal Paulo Rubem (PDT) à pré-candidatura a vice-governador de Pernambuco na chapa de Armando Monteiro Neto (PTB) foi lançado na tarde desta quarta-feira (25).

As candidaturas serão homologadas em convenção realizada neste domingo (29), em Caruaru, para os seis partidos - PTB, PT, PDT, PSC, PRB e PTdoB.

Apesar de o PDT estar dividido entre os que apóiam a decisão do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, e os contrários à aliança, como o ex-presidente estadual da legenda, José Queiroz, os coligados insistem que a decisão foi tomada democraticamente.

Paulo Rubem iniciou sua fala ressaltando o caráter plural da escolha. “Foi fruto de muito entendimento, foi fruto de muita conversa, de muitas trocas de mensagens”, afirmou. “Não foram poucas as vezes que eu dialoguei, tanto com a direção do PDT de Pernambuco, quanto a direção nacional”, continuou.

Mais cedo, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Guilherme Uchoa (PDT), reclamou ao Blog de Jamildo de ação autoritária de Lupi.

No entanto, o prefeito de Água Preta, Armando Souto (PDT) contradisse o companheiro de partido.

Souto afirmou que Carlos Lupi já garantia há alguns meses o apoio nacional à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à presidência, apoiando Armando em Pernambuco.

No Estado, a majoritária também é formada pelo deputado federal João Paulo (PT), que sairá para senador.

LEIA MAIS: Armando diz que PTB nacional se equivocou ao apoiar Aécio Paulo Rubem defende agricultura familiar e economia criativa Um dos aliados que defenderam o caráter democrático da definição do PDT foi Sílvio Costa (PSC).

Fez questão de falar na coletiva de imprensa que anunciou a pré-candidatura e afirmou que, em reunião, os pedetistas apontaram que, nos estados em que o partido tivesse candidatura própria, poderia fazer alianças com quaisquer legendas; onde não fosse lançar, deveria estar onde o PT estivesse.

Ainda disse que esperar reaglutinar o PDT, trazendo José Queiroz e Guilherme Uchoa para a campanha. “Vão marchar conosco no momento certo, na hora certa”, afirmou.

Ao concluir, Armando, que já havia demonstrado, em expressões faciais, a insatisfação com o discurso, deu uma bronca discreta no aliado.

Sobre a divisão no partido, Paulo Rubem afirmou que espera que os grupos ligados ao prefeito de Caruaru e ao presidente da Alepe concordem em participar da campanha. “Eu fui derrotado naquela movimentação (de não concorrer à Prefeitura do Recife) e eu me curvei à decisão do partido mesmo contrariado.

Fiz campanha para o prefeito Geraldo Julio, estive em atos, em convenções, como um processo democrático, embora derrotado, embora contrariado.

E eu espero que o mesmo exemplo que nós demos em respeito à decisão do partido, ela seja cumprida, até porque nós queremos olhar para frente, nós queremos demonstrar que esse foi o melhor caminho para o PDT de Pernambuco”, disse.

TRABALHISTAS - “O companheiro Paulo Rubem tem uma trajetória que todos vocês conhecem, uma trajetória que tem a marca de alguém que pode ao longo da sua vida publica, revelar o seu espírito público, a sua combatividade e os seus compromissos.

Paulo é um político que tem uma conduta irrepreensivelmente ética ao longo da sua carreira.” Foi assim que Armando definiu o seu pré-candidato a vice.

O petebista ainda atribuiu a ele o título de “trabalhador”, sendo seguido pelos aliados petistas, partido que o deputado federal ajudou a fundar em 1979 e deixou em 2007, após desgastes com a sigla que começaram quando teve a candidatura à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes rifada pelo partido e se intensificaram com o escândalo do Mensalão.

Questionado sobre um possível desgaste com o PT, duramente criticado por Paulo Rubem depois da sua saída, ele disse que foram posicionamentos políticos e que continua amigo de muitos representantes da legenda. “Era boato”, disse ao ser perguntado se seria verdade que o nome dele como vice não foi bem recebido pelo partido.

Ser lembrado como “trabalhador” foi uma estratégia para relacioná-lo à unidade dos partidos que compõem a chapa majoritária - PTB, PDT e PT.

Armando voltou a dizer que o que une os partidos na aliança é a identidade ideológica, o que usou para criticar o grande número de partidos que estão na Frente Popular do seu concorrente Paulo Câmara. “A vinda do PDT reforça, robustece, essa identidade, na medida em que, dos partidos da aliança, os três partidos que se representam nessa chapa, são partidos que têm nitidamente uma origem no movimento de afirmação da classe trabalhadora no Brasil, em diferentes momentos”, justificou o pré-candidato a governador.

EDUCAÇÃO - De origem política na Associação dos Professores do Ensino Oficial de Pernambuco, o atual Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), o professor de educação física que virou deputado estadual foi lembrado pela sua relação com o tema.

Paulo Rubem já foi vereador, teve dois mandatos na Alepe e está no terceiro na Câmara Federal, onde integra a Comissão de Educação e Cultura e foi coautor da lei que vincula o financiamento do setor a 10% do PIB.

Por isso, os componentes da coligação ressaltaram que o político pode agregar à chapa ideias e envolvimento com movimentos da área. “(Paulo Rubem) Vai ser útil nesse processo todo, não só porque ele tem familiaridade com alguns temas, que ao meu ver se encaixam muito bem na nossa proposta, como ele vai nos ajudar a dialogar com alguns segmentos onde ele tem reconhecidamente uma inserção”, justificou Armando.

Com a aliança com o PDT, a chapa ganha mais um minuto de tempo de TV.

Na coletiva de imprensa para o lançamento da sua pré-candidatura, Paulo Rubem destacou propostas para a economia pernambucana.

Os três projetos considerados como prioritários no desenvolvimento do Estado são da agricultura familiar, do incentivo ao cooperativismo e da economia criativa.

Para o pré-candidato a vice, essas áreas não são olhadas com a profundidade devida pelos governos, embora a última, por exemplo, seja um setor com grandes expectativas de investimento no mundo.

DIVISÃO TAMBÉM NO PTB - Se o racha no PDT é estadual, com lideranças políticas divididas entre o apoio já consolidado a Armando ou o que seria dado a Paulo Câmara, a questão no PTB do pré-candidato a governador envolve mágoa do diretório estadual com a executiva nacional.

O senador reiterou, nesta quarta-feira, ser contrário à retirada da aliança com o PT à presidência para estar com Aécio Neves (PSDB) e afirmou que a decisão do partido criou uma situação embaraçosa que chega a constranger.