Não se imaginava que a ditadura no Brasil duraria longos 20 anos.
Essa é uma das análises feitas por Marco Antônio Villa, mestre em Sociologia, doutor em História e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos durante o programa Ponto a Ponto esta semana.
O programa, capitaneado pelo sociólogo Antonio Lavareda e pela jornalista Mônica Bérgamo vai ao ar neste sábado (29), à meia noite, na BandNews TV, com reprises no domingo (30) às 16h30, 20h30 e meia-noite A conversa – alusiva aos 50 anos da Ditadura Militar – foi pautada por duas pesquisas realizadas pelo Ibope nos anos de 1963 e 1964.
Villa, autor do livro “Jango: Um Perfil (1945-1964)”, aponta alguns problemas nevrálgicos na conjuntura que conduziu à nação ao Golpe.
Vale lembrar que àquela época o presidente e o vice concorriam em eleições distintas. “Ninguém imaginaria que o Jânio Quadros iria renunciar”, ressalta.
A principal preocupação do brasileiro era a inflação, 60% dos brasileiros aprovava a desapropriação das terras, o país possuía um equilíbrio entre os que optavam por direita, esquerda ou centro e a nação vivia a carestia de um país que migrava do interior para a cidade. “Toda sexta-feira havia manifestações em São Paulo por conta da falta de feijão preto”, alerta o historiador.
Segundo Villa, o principal motivador do Golpe seria uma intervenção apenas para garantir a realização de eleições presidenciais em 1965, que seria disputada pelos pré-candidatos Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek. “É bom lembrar que Jango tentou fechar o Congresso em 1963 como maneira de coagir para lhe garantir o direito de reeleição”, lembra.
Segundo o historiador, o então presidente era um gestor despreparado que perdeu o controle político ao implantar uma série de medidas irrefletidas como projetos inconstitucionais que se referiam à indexação do valor dos aluguéis ou mesmo a desapropriação de terras para Reforma Agrária. “Ele leu mal a conjuntura.
O acirramento das contradições em um Brasil claramente dividido levou aos 20 anos de ditadura militar”, pontua.