Foto: BlogImagem A Prefeitura do Recife promete para esta segunda-feira (16) o modelo de negociação das possíveis mudanças no Projeto Novo Recife, que pretende revitalizar a área do Cais José Estelita, ocupada por manifestantes contrários a proposta atual desde o dia 21 de maio.
O início das negociações, porém, deve ter no mínimo um empecilho: o fim da ocupação.
Em conversa com o Blog de Jamildo após o debate da Rádio Jornal, o representante do consórcio responsável pelo empreendimento, Eduardo Moura, voltou a cobrar a saída dos manifestantes, enquanto a representante dos Direitos Urbanos, Liana Cirne Lins afirmou que o grupo quer garantias de que o projeto será alterado para deixar o cais. “É premissa básica que o terreno seja desocupado”, afirmou Eduardo. “Se a gente senta a mesa para tratar do projeto, se a gente tem esse desprendimento, se o alvará de demolição está suspenso pela prefeitura, se não vai acontecer nada lá, enquanto não acontecer esse diálogo, não tem porque as pessoas estarem lá ocupando”, justificou. “Não é que a gente só vai sair de lá quando for concluída a negociação.
Mas quando a gente tiver a garantia de que vai de fato haver a mudança do projeto.
A gente não vai sair de lá sem nenhuma garantia”, disse Liana, logo em seguida. “Foi necessário que a gente ocupasse o cais para poder ser ouvidos pela primeira vez.
Então, se a gente sair, qual a experiência que a gente tem?
Vamos deixar de ser ouvidos.
E isso a gente não quer.
A gente quer ser ouvido até o final e a gente quer um novo projeto com mais desenvolvimento para a área.
Então, quando a gente tiver garantia de que a gente vai ser ouvido, a gente sai.
Mas por enquanto, infelizmente…”, argumentou a professora de Direito.
O projeto Novo Recife prevê a construção de doze torres residenciais e comerciais na área do cais, no Centro do Recife.
A proposta prevê a realização de medidas mitigadoras da ordem de R$ 62 milhões.
Estão lista a construção de um parque linear, quadras esportivas, uma biblioteca, a construção de um centro cultural, a reforma de uma igreja e a substituição do viaduto do Forte das Cinco Pontas por um túnel.
O grupo que realiza a ocupação questiona a altura dos prédios, o impacto ambiental e de tráfego e questões de ordem legal, como a concessão de licenças e realização de estudos de impacto do empreendimento.
Para o consórcio, todas as questões legais estão resolvidas. “O projeto foi feito dentro de toda a legalidade.
Não existe nada que esteja faltando do ponto de vista municipal, estadual ou federal”, garantiu Eduardo Moura. “Há várias ilegalidades”, rebateu Cirne. “É um projeto de luxo, para os ricos”, afirmou a militante, para quem os apartamentos serão voltados para o perfil de morador de luxo.
O projeto não se conectaria com a realidade das comunidades vizinhas, do Coelhos, Cabanga e Coque. “Quem é que vai ficar confortável nesse parque?”, questionou ainda, sobre o fato de o espaço vir a ser frequentado por um público de classe média e alta. “Vai ser um parque diversificado, com quiosques e centro cultural”, rebateu Moura.
Segundo o empresário, haverá apartamentos de diversos padrões, que variam entre 40 e 250 metros quadrados.
Ele também afirmou que 45% do terreno pertencente ao consórcio será destinado ao domínio público; 10% a mais do que determina a legislação.
Para o empresário, o empreendimento também pode estimular a oferta de moradias nas áreas carentes.
O projeto Novo Recife começou a ser discutido em 2008, a partir da compra do terreno da RFFSA.
A ideia inicial era que as unidades hoteleiras, dois hotéis, e o centro cultural já estivessem prontos para a Copa.
A previsão otimista agora é que o empreendimento seja retomado em três meses.