O ex-presidente Lula afirmou, no evento do PT em favor da candidatura do petebista Armando Monteiro Neto, na sexta-feira, na Blue Angel, que a campanha deste ano será uma das mais violentas que já se teve notícia.

Lula tentava dar uma resposta pública às vaias e xingamentos que a presidente Dilma sofrera na véspera, na abertura da copa.

Na sua avaliação, a culpa seria das elites nacionais. “Estamos com um problema sério.

A campanha deste ano corre o risco de ser violenta.

A elite brasileira está conseguindo o que não conseguimos, despertar o ódio de classe.

O ódio tomou conta da campanha.

Eles não vão medir esforços para dizer mentiras e preconceitos.

Mas, se ofender Dilma, vão ofender a gente.

Não é uma briga dela, é um projeto de inclusão social nosso”, disse. “O ódio que eles tem é pelo fato de perceberem que a presidente, depois de cinco anos de crise no mundo rico, a gente gostaria que o PIB fosse 5,7%, mesmo assim a gente tem aumento do salário mínimo e mais de 10 milhões de empregos”, pontuou. “Algumas pessoas estão incomodadas.

Não se conformam que o Brasil está dando certo.

Com complexo de vira-lata, nunca acreditaram em soberania e que este país fosse respeitado”, comentou.

Pela teoria desenvolvida pelo ex-presidente, a ascensão das camadas mais pobres da população causa desconforto (nas elites). “Elas iam aos restaurantes mais chiques sozinhas.

Agora, o seu empregado está ao seu lado comendo.

Elas se incomodam que o avião está entupido de gente.

Para elas, é como se o trabalhador tivesse nascido para viver no coxo.

Era possível fazer este pais virasse mais igual e as pessoas pudessem ascender um degrau”.

Lula comparou os protestos na África do Sul, contra o presidente Suma, por conta da copa. “Zuma era vaiado, mas não tinha palavrão”, reclamou. “São as mesmas pessoas que diziam que o Brasil ia passar vergonha.

Elas é que deram a maior vergonha do mundo”, afirmou, sobre as vaias e xingamentos. “Elas diziam que a copa não ia funcionar, mas foram dormir mal.

Os estádios funcionaram, o metrô funcionou, funcionou a segurança”. “Eles estão incomodados que o pobre está comendo melhor.

Não tinha ninguém com cara de pobre lá a não ser você Dilma”, ensaiou.

A recomendação de Lula para Dilma foi que nada disto poderia fazer com que ela perdesse a calma, como aconteceu com ele próprio nos jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro. “Fui pego de surpresa nos jogos Pan-Americanos.

As vaias foram armadas pelo prefeito da cidade, César Maia.

Eu só soube depois.

Eles foram até treinar a vaia durante a semana”, acusou.

A outra recomendação foi responder. “Nós precisamos de argumento para enfrentar o preconceito, com nossa militância.

Neguinho falou meia palavra, devolve uma palavra inteira”, ensinou.

Voltando a abusar do nós e eles, Lula culpou a elite usando dados da área de educação. “Em 100 anos, a elite brasileira chegou a 3 milhões de pessoas nas universidades. nós, em 11 anos, colocaram mais 3 milhões.

Eles levaram um século”. “Fizemos uma revolução.

Até 2002, eram formados 366 doutores por ano.

Agora, são 1986 doutores por ano.

No Brasil, eram 6 mil por ano.

Agora, são mais de 14 mil. É chique formar doutor só em São Paulo.

Nós queremos ser médicos e engenheiros.

Nós somos pobres, mas temos orgulho, queremos progredir”, disse.

No plano nacional, o que se comenta nos bastidores é que Lula vai levantar a bandeira em defesa do projeto de regulação da mídia.

No evento do recife, por mais de uma vez, o ex-presidente destilou seu ódio contra a imprensa livre.

As pesquisas de opinião mostram que de 60% a 70% dos eleitores querem um presidente diferente de Dilma.

Os protestos mudaram profundamente o clima político do país.

Antes de junho de 2013, havia uma expectativa de que o governo ganharia automaticamente um segundo mandato.

Lula parece culpar a imprensa livre pela mudança de cenário.