O resultado de 59% a favor e 41% contra a manutenção da aliança com o PT, na Convenção Nacional do PMDB, revelou um racha na sigla peemedebista, na opinião do deputado federal Raul Henry (PMDB-PE).

Para o parlamentar, os números revelaram “um partido claramente dividido ao meio”. “E olhe que os 59% foram conquistado sob muita pressão, com cinco ministros telefonando, o próprio vice-presidente da República (Michel Temer), o presidente da Câmara (Henrique Eduardo Alves) e o presidente do Senado (Renan Calheiros), todo um esforço da cúpula partidária para conter os dissidentes”, destacou o deputado, que faz parte do chamado PMDB Independente, grupo que trabalhou intensamente para tentar barrar o apoio à reeleição de Dilma Rousseff.

Raul Henry também acredita que o resultado da Convenção mostrou a grande insatisfação interna.

Isso porque, segundo ele, o PT vê o PMDB hoje “apenas como cinco minutos de televisão para o guia eleitoral”. “Há muito desprezo, muita desconsideração, nessa relação entre PT e PMDB, com o próprio presidente Michel Temer.

Eu inclusive disse isso a ele, à direção do partido, que eles deveriam se dar mais ao respeito, porque a relação com o PT é uma relação subalterna, de quem não se dá ao respeito, de quem não é ouvido, de quem não é considerado”, colocou.

Ainda de acordo com Raul Henry, há duas grandes reclamações dos dissidentes do PMDB.

Uma que são as contradições regionais – “o PT sempre quer ser apoiado, nunca quer apoiar”.

E a outra se refere à participação no Governo. “O PMDB ficou com uma imagem de partido absolutamente fisiológico, mas o que ele tem hoje são apenas ministérios periféricos, sem nenhuma participação sobre o futuro do país, sobre questões programáticas, sobre políticas públicas.

Só que grande parte do partido quer discutir o Brasil com seriedade, mas está alijada desse debate”.

Como resultado da Convenção do PMDB, parte do partido não irá fazer campanha para Dilma Rousseff, e sim para Eduardo Campos e Aécio Neves. “O PMDB do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul e de Pernambuco, por exemplo, vão acompanhar Eduardo.

Enquanto que o PMDB da Bahia e grande parte do PMDB do Rio de Janeiro devem acompanhar Aécio.

Cada diretório estadual fazendo aquela escolha que acha mais conveniente para o país”, finalizou Raul Henry.