Por Adriano Oliveira, especial para o Blog de Jamildo Eleições possuem enigmas?
Sim.
Alguns podem ser identificados.
Outros custam a sê-lo.
A última pesquisa Datafolha mostrou declínio nas intenções de voto dos candidatos Dilma Rousseff e Eduardo Campos.
Diante disto, as conclusões iniciais foram que a presidente Dilma continuava a cair.
E o candidato do PSB não mais era um candidato competitivo.
Aparentemente, as conclusões são verídicas.
Porém, é importante revelar aparentes enigmas.
O perfil da amostra da pesquisa do Datafolha tem as seguintes características: 1. 42% dos entrevistados têm renda até R$ 1.448,00.
Neste universo de eleitores, a presidente Dilma obtém 51% de intenções de voto.
Portanto, no segmento de eleitores de maior dimensão no eleitorado, a candidata do PT tem ampla vantagem sobre os adversários; 2. 22% dos entrevistados têm renda entre R$ 1. 448,00 a R$ 2.172,00.
Neste universo, a presidente Dilma obtém 20% de intenções de voto.
O senador Aécio Neves conquista 25% do eleitorado.
E o candidato Eduardo Campos, 23%.
Dilma declina consideravelmente neste segmento de renda.
E não é exagero afirmar que o candidato do PSB está empatado com Aécio Neves. 3. 16% dos pesquisados possui renda entre R$ 2.172,00 até R$ 3.620,00.
O candidato do PSDB, neste universo, obtém 21% de intenções de voto.
O ex-governador Eduardo Campos, 16%.
E a candidata do PT, 14%.
Nesta parcela da população, Aécio amplia a sua vantagem sobre os demais competidores.
E a presidente Dilma tem desempenho semelhante ao do candidato do PSB; 4. 11% dos entrevistados têm renda entre R$ 3.620,01 até R$ 7.240,00.
A presidente Dilma obtém neste espaço de eleitores, 9% de intenções de voto.
Aécio conquista 17% e Eduardo 16%.
Portanto, observamos o seguinte fenômeno: quanto maior a renda, menor o percentual de eleitores dilmistas.
Além disto, a distância entre Eduardo e Aécio só é acentuada no segmento que possui renda entre R$ 2.172,00 até R$ 3.620,00.
A análise do desempenho dos candidatos através da segmentação da amostra, desvenda dois aparentes enigmas: 1) são os eleitores de menor renda que garantem, neste instante, as condições de sucesso eleitoral de Dilma; 2) Eduardo e Aécio continuam a disputar semelhantes universos de eleitores.
Em razão desta disputa, surge a indagação: Eduardo tem condições de superar Aécio Neves?
O olhar segmentado das diversas pesquisas eleitorais realizadas este ano mostra que a disputa presidencial será caracterizada por forte clivagem econômica.
Diante deste aparente enigma, indago: por que os candidatos da oposição ainda não escolheram como foco dos seus respectivos discursos os eleitores que garantem hoje a reeleição da presidente Dilma?
Adriano Oliveira apresenta-se como Doutor em Ciência Política. 39 anos.
Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Sócio da Contexto Estratégia.
Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro.
Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais - Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.