Por Bio Dias Comerciante no Recife Levado pela curiosidade, depois de ler tantas coisas nos jornais na semana passada sobre o Cais José Estelita, fui ontem, pela primeira vez, ao #ocupeestelita.

Pelo que lia e ouvia pelos meios de comunicação, esperava encontrar um local de debate sobre o uso que deve se dar para aquele terreno, que durante décadas esteve ali abandonado sem ninguém olhar para ele e que hoje virou uma espécie de jóia da coroa.

Mas para a minha surpresa, o que eu vi foi uma versão tupiniquim de um Woodstock recifense.

Jovens bebendo, deitados em colchões infláveis, sentados em sofás, fumando seus cigarros e ouvindo música.

Ninguém discutia nada, só se falava na expectativa para o show de Otto.

Perguntei a uma das pessoas presentes e que estava em uma das barracas como eu poderia ter informações sobre o que eles pensam para aquela área, sobre quais as alternativas viáveis para aquele terreno?

A resposta que eu tive foi de que aquele espaço deve ser público.

Deve virar um parque para a população da cidade.

Questionei se ele achava que o dinheiro público não seria melhor usado em obras de mobilidade, saneamento, construção de casas populares, ao invés de um parque, e dessa vez a resposta foi: a gente vê isso depois.

Durante as mais de três horas que fiquei no local, cheguei às 15h, me senti meio perdido, pois era como se eu estivesse num festival para jovens.

A grande maioria das pessoas tinha idade inferior a 25 anos.

Eu, com 43, fiquei meio coroa junto à meninada, que estava ali para se mostrar rebelde, em luta por uma melhoria que eles não sabiam me explicar.

Tudo era simplificado na afirmação de que as construtoras querem ganhar dinheiro em cima do povo.

Mas fiquei olhando e vendo que grande parte deles, se não a sua totalidade, era formada por jovens de classe média, com celulares de última geração, tempo livre para estar acampados, pois parecem não estudar nem trabalhar.

O clima de festival Woodstock se completou quando, ao passar por três jovens escuto a seguinte conversa: Ei cara, você tem seda?

O outro responde: não, mas se você for ali à frente vai encontrar um pessoal sentando num grande sofá.

Eles com certeza têm seda.

E lá se foi à dupla de rapazes em busca da sua seda.

Para quem não sabe, essa é a linguagem para quem quer fazer um cigarro de maconha.

Fui preparado pra ficar até o show de Otto, mas depois do que vi e ouvi preferi ir para casa.

Por tudo isso que eu digo que essa foi a minha primeira e última vez no #ocupeestelita.