Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil A Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) se queixa da difícil competição causada pela permissão da importação de etanol anidro, produzido a partir do milho, para o Nordeste.
Segundo o grupo, o aumento da oferta levou o preço do produto a despencar 12% entre abril e maio.
Segundo os produtores, o Nordeste já teria recebido 250 mil metros cúbicos do etanol anidro entre janeiro e abril.
A quantidade corresponde a oito meses do consumo do produto em Pernambuco, que seria de 30 mil metros cúbicos. “A importação de etanol de milho vem trazendo graves problemas para o produtor de cana e usinas, com a redução do preço da matéria-prima do etanol brasileiro, que é feito à base de cana-de-açúcar – tradicionalmente produzido no Brasil, e com melhor qualidade que o produto estrangeiro”, reconhece o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima.
De acordo com a entidade, o custo de produção da tonelada de cana está em R$ 87, mas os produtores estão recebendo R$ 67,21, causando um déficit de R$ 20 por tonelada.
A projeção é que a situação atinja 25 mil canavieiros no Nordeste.
Treze mil só em Pernambuco.
Além disso, a presença do combustível importado teria reduzido o preço pago às usinas pelo etanol anidro, que teria caído de R$ 1,85 para R$ 1,63, também entre abril e maio.
A redução não chega aos consumidores porque as distribuidoras continuam cobrando os mesmos valores.
Duas delas, a Petrobras e a Cosan comercializam 78% do produto, diz a AFCP.
A AFCP, o Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco (Sindicape) e o Sindicato das Indústrias de Álcool e Açúcar (Sindaçúcar) dizem já ter procurado a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para pedir a revisão da autorização, sem sucesso.