#chateada.
Foto: Diego Nigro/JC Imagem Por Marcela Balbino, repórter do Blog Os 387 mil votos obtidos por Ana Arraes - mãe de Eduardo Campos e ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) - na última eleição para deputada federal, que deram a ela o posto de mais votada, transformaram-se no elemento que expôs as fragilidades do PSB em Pernambuco.
A disputa pela herança do espólio mina, pouco a pouco, a tão propalada união da Frente Popular.
Eleita vereadora aos 24 anos, Marília Arraes, neta de Miguel Arraes, mais do que o sobrenome tentou entrar na disputa para herdar os votos da tia.
Porém, os planos foram atropelados pelo projeto maior do partido: acomodar as 21 legendas que compõem hoje a Frente Popular.
Por isso, nesta sexta-feira (6), ela redigiu uma carta elencando várias críticas ao partido. “Poder pelo poder”, “imposição de nomes” e “falta de democracia interna” estão entre as posições pinçadas pela socialista ao partido.
A vereadora, que deixou a secretaria municipal de Juventude e Qualificação Profissional para dedicar-se à candidatura à deputada federal, negou qualquer caráter familiar no posicionamento e tratou os assuntos na esfera “política”.
Segundo ela, o PSB está lidando com votos como se fossem “fatia de pizza”.
LEIA MAIS: » Para fustigar PSB, Marília Arraes critica aliança do partido com Jarbas Vasconcelos » Insatisfeita com PSB, Marília Arraes retira pré-candidatura a deputada federal » Declarações de Marília Arraes continuam repercutindo na Juventude do PSB » Casos de Família: Marília Arraes divulga carta aberta repudiando imposição na Juventude do PSB “É preciso lembrar que ideologia ainda existe.
Essa chapa proporcional formada não me representa”, disparou a prima de Eduardo Campos, citando nominalmente a aliança formada pelo PSB com o PMDB, do senador Jarbas Vasconcelos.
Diante dos obstáculos impostos, a vereadora formalizou a desistência em disputar o mandato.
O motivo, de acordo com carta lida, é a insatisfação com o processo de escolha dos candidatos pelo partido. “Hoje em dia, o PSB está formando chapa mais por razões eleitorais que por convicção ideológica”, criticou a socialista, quatro meses após Paulo Câmara ter sido lançado.
Marília Arraes não contava com o apoio do primo Eduardo Campos para a disputa.
O presidenciável vetou a participação de parentes na eleição deste ano com o intuito de distribuir entre os aliados o espólio eleitoral.
O presidente do PSB em Pernambuco, Sileno Guedes, procurou minimizar as declarações da vereadora. “As pessoas têm opiniões, mas o que prevalece é a vontade da maioria.
E a maioria discorda do posicionamento dela”, afirmou. “A maioria tem como prioridade eleger Paulo Câmara no Estado e Eduardo Campos presidente.
Este é o sentimento da maioria do partido.
O PSB está unido por este sentimento”, pontuou.
Quanto à “divisão dos votos”, ele pontuou que a formação da Frente Popular agregou um conjunto grande de siglas. “Por isso, procuramos deixar os partidos disputarem de forma confortável para que deputados estaduais e federais pudessem participar da disputa [nas eleições proporcionais] de mais tranquila.
Procuramos não inchar a chapa com novas candidaturas, justamente para permitir que quem está hoje no mandato possa disputar com mais tranquilidade”, explicou.
Os arranjos políticos incluem os deputados federais Danilo Cabral (PSB) e a transferência de votos de Ana Arraes para o ex-secretário de Turismo do Recife Felipe Carreras e o ex-secretário estadual da Casa Civil Tadeu Alencar.
Os dois últimos são iniciantes nas urnas.
LEI SECA - Formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marília Arraes foi ungida vereadora aos 24 anos.
Em 2011, no primeiro mandato, ela ganhou notoriedade com a proposta de três projetos de lei que previam regulamentar o consumo de álcool no Recife.
A proposta do primeiro era proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas para menores de 18 em bares e casas noturnas.
A proposta do segundo era limitar o horário de funcionamento de bares e casas noturnas aos domingos, com tolerância de meia hora.
O último e mais polêmico delimitava um período em que se poderia consumir bebidas alcoólicas em via pública.
Das 18h às 6h estaria proibido.
Fora do horário estabelecido quem “fosse pego bebendo” estaria infringido a lei.
Na época, um grupo criou no facebook “Lei Seca de Marília Arraes – Eu digo não!”.