A vereadora do Recife, Marília Arraes, prima do ex-governador Eduardo Campos (PSB), divulgou carta aberta contra a nomeação do filho de Eduardo Campos, João Campos, para assumir a presidência da Juventude do PSB em Pernambuco. “Existe uma articulação maior para que outro jovem, sem envolvimento na juventude partidária, assuma o posto de Secretário Estadual da JSB-PE”, afirma a vereadora.

Informações de bastidores dão conta que Marília Arraes está insatisfeita com a condução de João Campos estar sendo imposta “de cima para baixo”, sem democracia e sem respeito às regras do partido. “Acredito (e acreditarei até os meus últimos dias) na importância da democracia e da liberdade de expressão”, afirma Marília.

Marília Arraes disse que o avô, Miguel Arraes, não a ensinou esta forma de proceder. “Perdoem-me, companheiros e lideranças partidárias, mas a escola política em que cresci não me ensinou esta fórmula”, afirma a pré-candidata a deputada federal.

Marília está tentando postular uma vaga na Câmara dos Deputados, mas, segundo informações de bastidores, o primo Eduardo Campos não está “liberando” os votos do “espólio” da tia de Marília, a ex-deputada federal Ana Arraes, que renunciou em 2011 para assumir uma vaga de ministra do TCU.

Veja abaixo a carta de Marília Arraes, enviada ao blog e publicada no facebook Sobre intervenção nos processos democráticos da JSB - PE Talvez por ter tido intensa convivência com meu avô, Miguel Arraes, principalmente nos seus últimos anos de vida, tive a oportunidade de compartilhar com ele o ideal de que um partido bem estruturado, que forme quadros preparados e politizados, é essencial para a consolidação da nossa tão jovem democracia.

Ainda faço parte da JSB e acredito que a minha participação sempre ativa como militante foi de grande relevância para a minha formação política e contribuiu bastante no caminho que sigo hoje como vereadora do Recife, eleita por duas vezes, e como ex-secretária municipal de Juventude e Qualificação Profissional.

Acredito (e acreditarei até os meus últimos dias) na importância da democracia e da liberdade de expressão.

Assim sendo, sinto-me atingida, como militante, ao ver um movimento oposto ao da democracia na JSB-PE.

Após anos de formação, militância e articulação com as juventudes socialistas do interior e da Região Metropolitana do Recife, foram formadas duas chapas, compostas por jovens companheiros que dedicaram alguns de seus poucos anos de vida à militância partidária.

As chapas seriam submetidas a disputa por voto dos delegados municipais, ou então por um acordo e composição, conduzida por estes mesmos jovens quadros em formação.

Todo o movimento faz parte da formação política de nossos futuros líderes e é de suma importância pra construção de um partido onde impere a legitimidade.

O processo, no entanto, está sendo comprometido.

Existe uma articulação maior para que outro jovem, sem envolvimento na juventude partidária, assuma o posto de Secretário Estadual da JSB-PE, cargo principal, por meio do qual terá assento na Executiva Estadual do PSB.

Ora, como podemos propor a formação de novos quadros, se impedimos a juventude de se organizar, articular e, por fim, legitimar a sua própria postulação?

Ou devemos ensinar à nossa juventude (inclusive ao jovem beneficiado!) que é natural ao processo político ser escolhido por alguém influente?

Perdoem-me, companheiros e lideranças partidárias, mas a escola política em que cresci não me ensinou esta fórmula.

Sei que muitos que estão lendo devem concordar com tudo o que foi exposto e, por um motivo ou outro, não podem se manifestar.

Entretanto, o importante é que saibamos qual o caminho correto e que busquemos, da forma que for possível, fazer da política um instrumento de fortalecimento da justiça social e da democracia.

Marília Arraes Vereadora do Recife (PSB) Membro da JSB/PE