O prefeito Geraldo Julio revelou ao Blog de Jamildo, nos bastidores do programa de Geraldo Freire, na Rádio Jornal, ainda há pouco, que já telefonou para o governador João Lyra, pedindo muito cuidado nas ações da PM, no cumprimento da reintegração de posse do terreno privado, invadido por estudantes e militantes de partidos radicais, na semana passada. “Além das ações do próprio grupo de investidores, pedi a João Lyra muito cuidado com a ação da PM.
Não podemos ter problemas com a desocupação”, observou.
Nesta quinta, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou no final da tarde a reintegração de posse do terreno do Cais José Estelita, bairro de São José, ocupado desde o último dia 21 por manifestantes que se opõem ao projeto Novo Recife.
Na liminar, o juiz relator substituto Márcio Aguiar determina o cumprimento do mandado “com o apoio de força policial, se necessário”.
Por meio de nota, o Consórcio Novo Recife informou que estava confiante que a Justiça daria uma resposta favorável ao pedido de reintegração.
O grupo afirmou ainda que já está com o documento emitido pelo TJPE, mas que ainda não sabe quando a determinação será cumprida.
Nesta sexta, em entrevista a TV Jornal, depois do programa de Geraldo Freire, o prefeito do PSB disse e repetiu que não tem encontro algum com militantes, para discutir eventuais mudanças no projeto imobiliário. “Estamos abertos ao diálogo.
Um exemplo foi a concessão do passe livre”.
Por volta das 18h de ontem, no Viaduto Capitão Temudo, área central do Recife, um grupo de cerca de 30 manifestantes, que estão acampados no Cais José Estelita desde o dia 21, realizou um ato batizado “Negocia, prefeito”, com o intuito de supostamente convocar o Executivo municipal a participar do debate sobre o projeto Novo Recife.
O grupo bloqueou o elevado no sentido Centro por alguns minutos, mas logo seguiu em caminhada para a Avenida Sul, onde interditou a via, por aproximadamente 20 minutos, para os veículos que seguiam em direção ao bairro de São José.
O ato pacífico foi acompanhado pela Polícia Militar e por agentes da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU). “Ontem (quarta-feira) houve uma reunião com o Ministério Público e a prefeitura enviou dois procuradores para negociar, mas nós queremos conversar com o prefeito Geraldo Julio.
No encontro os advogados alegaram que o projeto corre na esfera judicial e que nada poderia ser feito.
Nós discordamos.
Acreditamos que o debate é político e que a prefeitura tem que se posicionar”, explicou um dos participantes do ato, que preferiu não se identificar. “Nós queremos que o terreno do cais seja utilizado para a construção de moradias populares e espaços de convivência para todos os recifenses e não apenas para o uso de um pequeno grupo”.
O projeto Um consórcio formado pelas empresas Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário pretende construir 12 prédios com altura de até 41 andares na área do Cais José Estelita.
Contrários a este projeto, ativistas estão acampados no local desde que a demolição dos galpões foi iniciada.
Dia 23, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Justiça Federal embargaram a demolição.
O Consórcio Novo Recife afirma que as obras estão dentro da legalidade, mas não informou quando pretende cumprir a reintegração.