Por Jamildo Melo, editor do blog Ai, ai , ai minha memória afetiva do atraso!
Vão ter a coragem de reurbanizar a área decadente em torno da Vila Naval?
Vão ter a ousadia de criar um novo acesso a Olinda, pela beira mar?
Não pode, Recife está condenado a ficar parado no tempo, de preferência ornado com favelas lindas para se fotografar e colocar nas redes sociais.
Riquinho com consciência social adora mostrar para todo mundo o quanto adora pessoas humildes pelas nas redes sociais.
Afinal, são melhores que os outros,.. aqueles que não adoram nada, nem redes sociais.
A turma que é contra tudo no Recife, aqueles que comem capim e arrotam filosofia na rural, esfrega as mãos para quem sabe tumultuar a discussão.
Em breve, o projeto da reformulação da área chega na Câmara Municipal do Recife, para análise e aprovação.Não houve audiências públicas, significa uma ótima notícia para vereadores com queda para o surf de holofotes.
Imagina que crime, uma área fechada, sem uso, podendo ser utilizada novamente pela população.
Não pode, pois pode gerar alguma satisfação no Recifense, não é não?
Como o Cais José Estelita, também há uma área degradada no entorno, a ser revitalizada.
A única diferença é que a área é de propriedade da Marinha do Brasil e não de grupos privados, comprados em leilão público, por R$ 50 milhões, como o Novo Recife.
Será que vão ter a coragem de tirar onda com até com a Marinha?
A exemplo do que aconteceu com os moradores do Edifício Caiçara, a Marinha vai trocar o uso de parte do terreno por área construída.
Será que agora pode?
Ou será que será um crime contra um patrimônio da arquitetura do Recife?
Nunca se sabe o que não é protegido e intocado nesta velha cidade.
Como nenhuma casa da Vila Naval é tombada, a demolição para construção de novas edificações é possível.
Como dinheiro não nasce em árvores, a iniciativa privada precisa ser chamada para colocar o projeto de pé, financeiramente.
A Marinha terá que realizar uma licitação para escolher os grupos privados que farão as reformas no terreno, dando-lhe outro uso.
A intenção da Marinha é ficar com as torres a serem construídas mais ao Norte, para uso dos seus oficiais.
A empresa que vencer o processo licitatório ficará encarregada de construir quatro edifícios residenciais para abrigar os militares.
No restante dá área, haverá apartamentos e imóveis, em várias torres imobiliárias.
Na divisão do território, a Marinha ficará com 31 mil metros quadrados, a iniciativa privada com 78 mil m², a prefeitura com 11 mil m² e o governo estadual com os 5 mil m² restantes.
Os edifícios erguidos teriam entre 35 e 75 metros de altura – em outras palavras, de 10 a 25 pavimentos.
Um projeto de lei, elaborado de acordo com os parâmetros definidos pelo Instituto Pelópidas Silveira, cria um plano específico para a Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH) Hospital Santo Amaro/Vila Naval.
O engraçado nesta história é que o secretário Antônio Alexandre, de Planejamento, estará na linha de fogo para tocar o projeto.
Não se sabe se apenas por dever de ofício, aproximou-se dos grupos mais radicais.
Como o projeto com os parâmetros para as obras foi entregue a institutos controlados por antigos militantes , pode ter encontrado aí uma vacina.
Ao todo, 155 casas da antiga Vila das Costureiras, da extinta Fábrica Tacaruna, devem ser demolidas para os trabalhos na Cruz Cabugá, Rua Batista Regueira e construção de um complexo de edifícios residenciais e empresariais.
Será que vão pedir R$ 60 milhões para a Marinha a título de compensação?
E achar pouco.
Um dos problemas que os investidores do Novo Recife enfrentaram foi justamente a inflexibilidade.
Não deu arrego a disputa comercial entre os arquitetos.
Escolheu o escritório que achou melhor e paga um preço enorme até hoje pela guerra comercial de bastidores.
A transferência da Vila Naval permitirá o alargamento da Avenida Cruz Cabugá, que integra o Corredor Norte-Sul de BRT, e a abertura da Rua Batista Regueira, na beira do Rio Beberibe, hoje fechada, onde haverá parque linear e ciclovia.
Assim, de quebra, ainda haverá mais espaço para o BRT passar pela Cruz Cabugá, além de uma nova ligação entre Olinda e Recife.
Em uma cidade cuja duplicação de um viaduto como o Capitão Temudo leva anos e anos, sem que ninguém nesta hora vá bater lata na porta dos gestores, pode ser que minhas netas vejam o novo caminho, algum dia.
Não custa nada acreditar e esperar.
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