Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Li agora que em vários lugares formam-se animadas concentrações de colecionadores de um álbum de figurinhas da Copa do Mundo.
Gente de todas as idades, muitos adultos de cabelos grisalhos - bendita nostalgia - dão-se ao prazer do troca a troca.
Volto, assim, por um instante, aos meus tempos de criança, colecionador que fui.
Lembro-me de um álbum dedicado aos principais clubes do centro-sul do País, em que os jogadores eram retratados com o rosto na forma real, mas o corpo em desenho criativo, alusivo às características de cada um.
Meio foto, meio caricatura.
Lembro dos goleiros Poy (São Paulo), Oberdan (Palmeiras), Castilho (Fluminense); do centroavante Gino, do São Paulo, dos meio campistas Rubens e Evaristo, do Flamengo, de Vavá e Pinga, do meu Vasco; dos geniais Garrincha e Nilton Santos, do Botafogo.
Acho que era o Teixeirinha, ponta esquerda do São Paulo, que aparecia sorridente tomando banho de banheira, em alusão ao hábito de se posicionar sempre a frente dos zagueiros adversários, em impedimento.
E a “figurinha difícil”, obrigatória em todo álbum? É a mais rara, a que poucos têm acesso.
A daquele álbum ficou para sempre no meu espírito como inalcançável.
Era o meio-campista Zé do Monte, do Clube Atlético Mineiro.
Nunca vi sequer uma foto desse jogador, de quem diziam maravilhas e por isso merecia, sim, o status de figurinha mais cobiçada.
Até completar o álbum - e poucos o conseguiam - o felizardo tinha direito, como prêmio, a um eletrodoméstico.
Um amigo do meu pai se vangloriava de ter ganho um ferro elétrico moderníssimo, que recebera via Correios, pelo serviço de reembolso postal!
Pois bem.
Hoje resolvi pesquisar sobre o tal Zé do Monte e, com o auxílio do Google, finalmente me deparei com a foto do dito cujo e com uma breve biografia que, além da exaltação aos seus predicados dentro das quatro linhas, assinala a paixão pelo clube, o alvinegro das Minas Gerais – paixão que o fez recusar propostas vantajosas para jogar em outras terras.
Coisa do tempo em que o futebol ainda não se convertera no grande negócio que é hoje, em que os atletas já não podem alimentar o luxo da fidelidade à camisa do seu time do coração.