Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB Com a bandeira da ética e da preocupação com o social, o PT assumiu o poder no Brasil há quase 12 anos, garantindo vitórias seguidas em três eleições para presidente.

Nesse período, a bandeira da ética foi perdida em grande parte com o mensalão mas restou intacta a dimensão exponencial do bolsa família e os bons ventos que permearam a economia beneficiada com a adoção do Plano Real e todas as medidas de estabilização adotadas no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Este ano, com a volta do povo às ruas após a descoberta de um grande blackout na infraestrutura, sobretudo no transporte urbano, e o descontrole econômico alimentado por medidas eleitoreiras como a redução de impostos para a venda de automóveis, o governo federal, sob a responsabilidade da presidente Dilma, perde cada dia mais a condição de conduzir com tranquilidade as demandas da sociedade.

Era esperado que o PT, acuado por uma população que lhe garantiu tantas vitórias, fosse perder o rumo, atacar o Supremo por conta da prisão dos mensaleiros e lutar, desesperadamente, para ficar no poder.

O que não se poderia imaginar é que, além dos problemas éticos, econômicos e de infraestrutura, o partido fosse brindar a nação brasileira com o tratamento desumano e inconcebível dispensado a refugiados haitianos que, fugindo da miséria e da fome, aportaram no estado do Acre, o mais próximo de sua terra natal.

Há poucos dias, na maior desfaçatez, o governador do Acre, Tião Viana, tomou uma atitude inimaginável a um petista de alto coturno: fechou um abrigo de haitianos na cidade de Brasiléia e despachou mais de 600 imigrantes para o estado de São Paulo.

Alugou ônibus, colocou dentro os infelizes, e os remeteu para a maior capital do país.

Sem lenço e sem documento.

Fosse Viana de um partido de oposição ainda dava para entender.

Poderia alegar que não estava recebendo ajuda federal para manter os invasores e nem seu estado tinha como sozinho arcar com tão pesado ônus.

Só que o governador é correligionário da presidente Dilma não se justificando a exportação do seu problema sem antes entregá-lo à responsabilidade do Governo Federal.

A atitude do governador deixou de calças curtas o prefeito de São Paulo Fernando Haddad, do PT, que chegou a divulgar nota chamando de irresponsável o gesto do correligionário que agiu sem antes pactuar com a administração municipal a melhor forma de recebê-los.

A secretária de estado de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo, Eloísa de Souza Arruda, classificou a atitude de Tião Viana como “uma deportação forçada”.

Na verdade, o governador agiu nas sombras, como se fosse possível ocultar tamanho descalabro.

Colocou os imigrantes em ônibus com destino a São Paulo e apenas mandou que seu secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, ligasse para o padre Antenor Dalla Vecchia, da Pastoral do Migrante da Igreja Católica, anunciando que “alguns” haitianos chegariam ao abrigo.

Resultado: para desespero do padre, chegaram mais de 400 na sua porta, famintos e desamparados.

Não se ouviu do Governo Federal nenhuma condenação ao gesto de Viana.

Ao contrário, o ministro da Justiça limitou-se a fazer discurso vago de que o problema de migração para o Brasil era novo e precisava de atualização legislativa.

Em outras palavras: lavou as mãos.

Muito mais interessado em controlar a base aliada em Brasília, o Governo Federal parece distante de tudo.

Inclusive da deportação de pessoas negras e pobres, exatamente as que jurou amparar com o explorado sistema de cotas.

CURTAS EDUCAÇÃO - Esta semana duas organizações internacionais – The Economist Intelligence Unit e Pearson Internacional – divulgaram o relatório batizado de Curva do Aprendizado (The Learning Curve).

Nele o Brasil ocupa o penúltimo lugar numa relação de 40 países que tiveram seu sistema educacional analisado.

Só consegue ser melhor do que a Indonésia e o México.

PSOL e PMN - A chapinha que vai ser formada entre o PSOL e PMN para as eleições proporcionais em Pernambuco pode garantir o primeiro mandato a Edilson Silva, do PSOL.

Candidato a deputado estadual ele terá, porém, que ultrapassar o atual deputado Severino Ramos, do PMN, representante dos comerciários na Assembleia.

PENEIRA - Com mais de 20 partidos, a coligação que apoia o candidato do PSB a governador, Paulo Câmara, vai ter que cortar muitos pré-candidatos a deputado estadual, gerando bastante insatisfação.

Vai ser um osso duro de roer.