Leia a nota: Em Pernambuco: “nova política”, velha repressão!
Desde junho de 2013, a população brasileira vive um novo momento com a elevação da sua criticidade e crença na mobilização popular como meio de transformação social.
O povo está cansado de não participar das decisões políticas do País, mas também empoderada a reivindicar melhorias imediatas nos serviços públicos essenciais, entre eles o transporte.
Os movimentos urbanos vêm questionando o atual modelo de expansão do Transporte Público Metropolitano desde o seu início.
A Frente de Luta pelo Transporte Público lançou no meio das jornadas de junho no ano passado uma carta aberta ao Governo do Estado, síntese dos principais pleitos observados e sentidos diariamente por milhares de trabalhadores/as e estudantes, em uma tentativa de começar (mesmo que tardiamente) um debate ampliado sobre a temática.
Um dos principais gargalos atualmente é a irracionalidade da expansão do transporte que está em curso com a construção de Terminais Integrados, quer dizer, preferimos “currais” integrados, pois só quem utiliza no cotidiano o metrô ou ônibus sabe como nos sentimos nestes espaços.
Há muito o mundo e outras capitais brasileiras debatem a bilhetagem eletrônica como meio de integração (aqui, reiteramos a necessidade desta ser intermodal, ou seja, carro – metrô – ônibus – bicicleta) e expansão qualitativa do Transporte Público.
Já existe tecnologia disponível para isso, no entanto, falta vontade política.
Observamos, hoje, no Grande Recife que todas as semanas ocorrem protestos nos Terminais Integrados (Barro, Joana Bezerra, Afogados, Xambá, Tancredo Neves, entre outros) diante da insatisfação com a precariedade do nosso transporte coletivo.
Ao que parece o governo do Estado tem um comprometimento político com as construtoras (que realizam estas obras faraônicas, muitas inacabadas, vide T.I Joana Bezerra e T.I Barro) e com as empresas de ônibus que são contrárias a modernização do sistema, visto a redução de passagens gastas pelo usuário com a bilhetagem eletrônica e com a integração temporal.
Nesta manhã de quarta-feira, a população novamente se revoltou com a má prestação do serviço, desta vez na Estação/Terminal Camaragibe.
Os moradores de Camaragibe, que já vem sofrendo intervenções urbanísticas drásticas por conta das obras da copa, onde bravamente os desalojados da copa lutam contra os nebulosos processos de desapropriação, não aguentaram mais um dia de sucateamento, atrasos e precariedade e resolveram legitimamente protestar por melhorias no Transporte Público.
Eduardo Campos, presidenciável, mas que mantém no Estado o seu staff comandando o governo de Pernambuco, tem a torto e a direito reivindicado o discurso da “nova política”.
Mas, como assim?
Vejamos: só a FLTP realizou mais de 16 protestos no Grande Recife e não houve abertura de diálogo por parte do Governo do Estado; as Conferências de Transporte simplesmente e inexplicavelmente não aconteceram e além disso o governo repete o ranço ditatorial de silenciar qualquer voz social que ouse questionar seus planos.
Foi o que ocorreu hoje, em Camaragibe.
A Polícia reprimiu com sua violência rotineira os/as trabalhadores e estudantes que queriam antes de tudo, serem ouvidos/as.
Nosso companheiro Jefferson Espíndola, membro da FLTP e presidente do DCE da FAREC, foi preso junto com outros populares de maneira inexplicável, apenas por participarem da manifestação.
Enquanto a população não for ouvida, os protestos nos Terminais Integrados continuarão.
Intensificaremos as mobilizações neste sentido!
Em Pernambuco, sobra verborragia e não há nada de “nova política”, apenas a velha repressão de sempre!
Recife, 07 de maio de 2014.
Frente de Luta pelo Transporte Público de Pernambuco