Manifestantes foram às ruas no último domingo para pedir à legalização da maconha no Brasil.
Foto: Guga Matos/JC Imagem Na mesma semana em que o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, regulamentou a lei para produção e comercialização da maconha no País latinoamericano, a assessora da Presidência do Uruguai para Álcool e Drogas, a médica Raquel Peyraube, percorre unidades de saúde de Pernambuco para acompanhar os tratamentos dados aos usuários para o enfrentamento ao vício.
Para Peyraube pessoas confundem legalização com liberação.
Foto: BlogImagem A representante está na cidade desde o último fim de semana, quando fez um discurso durante a 8ª edição da Marcha da Maconha.
Como participante ativa da elaboração da lei que legalizou a maconha no país vizinho em dezembro do ano passado, ela fará nesta quarta-feira (7), às 18h, uma palestra na Faculdade Fafire sobre os passos tomados por Mujica para liberação do uso regular o produto.
Segundo Peyraube, o pacote de medidas para legalização da cannabis inclui o uso para melhorar a rede de atendimento, o desenvolvimento de pesquisa e, não apenas regulação do cannabis para usuário, o uso recreativo, mas também medicinal e industrial. “Há muitos países dentro do Brasil e vocês podem começar a mudança por aqui, criando leis locais, leis de saúde”, orientou. “A Cannabis não é feita só para ‘viajar’.
Também pode ser usada na indústria e na medicina”, pontuou a médica, em entrevista ao Blog.
Em seu discurso, ela se diz orgulhosa dos termos estabelecidos na lei e defende que a decisão de Mujica expressou uma vontade política do povo uruguaio. “Há muitas pessoas trabalhando no Uruguai para isso, desde os anos 90, e esse governo teve coragem de assumir a bandeira”, afirmou a porta-voz presidencial, acrescentando que, com a lei, o País criou mudanças nas políticas públicas, pois viu-se obrigado a monitorar e avaliar periodicamente as ações que estão sendo realizadas.
Marcha da Maconha.
Foto: Guga Matos/JC Imagem A proposta base dessa mudança é melhorar a segurança pública e consolidar a democracia no país.
Para alcançar esse objetivo, a política atual foi discutida abertamente com a sociedade civil e instâncias do governo. “As pessoas confundem legalização com liberação, mas o que queremos é dar uma estrutura jurídica para um mercado que já existe”. “As mudanças na política de drogas em curso no Uruguai foram pensadas para neutralizar a ação do narcotráfico no País”, grifou a porta-voz de Mujica.
Questionada sobre a política de drogas no Brasil, ela observa que o País já liderou uma mudança na estrutura de saúde para o tratamento de usuários, mas agora “está muito fraco”. “O Brasil necessita criar postos de emprego, políticas de saúde.
A medicina canábica é muito mais barata do que a medicina da farma-indÚstria.
Existe a necessidade dos políticos trabalharem junto com os cientistas”, pontua. “Quanto tempo mais vamos aguardar para essa política ineficaz?”, questionou a médica, revelando que no Uruguai, três meses depois da legalização do uso recreativo da cannabis, os índices de criminalidade caíram 14%.
TERMOS DA LEI - No Uruguai, o consumo já era descriminalizado, mas o País é o primeiro do mundo a legalizar a produção e a venda do produto.
O decreto estabeleceu as regras de produção, consumo, comercialização e as quantidades que poderão ser compradas por usuário – máximo de dez gramas por semana.
O preço máximo de cada grama deverá ser inferior a US$ 1 e o gasto mensal não poderá ultrapassar a US$ 35.
Também foram estabelecidas quantidades para o cultivo em residências (seis plantas por domicílio) e a criação de associações que serão chamadas de clubes.
O produto também poderá ser vendido em farmácias autorizadas pelo governo.