Por Pedro Eugênio, especial para o Blog de Jamildo O presidenciável do PSB recentemente declarou que, se eleito, definirá meta de 3% para a inflação, ajustará o preço dos combustíveis no Brasil aos preços externos e dará independência ao Banco Central.
Todas essas medidas são vistas com grande simpatia pelo chamado “mercado”, o que o coloca afinado com o discurso tucano e empresarial.
Para quem se diz representante do que denomina “nova política”, essa constatação é frustrante.
Afinal, para quem abraça estas teses, não seria melhor votar no original Tucano em vez de sua cópia palomeira?
Então vejamos: o sistema de metas estabelece bandas que vai de 3,5% a 6,5% tendo 4,5% como centro.
Esta faixa é menos uma definição teórica e mais uma constatação empírica dos economistas.
Respeitando-se estes limites, é possível defender ao mesmo tempo o poder de compra das pessoas e trabalhar políticas de desenvolvimento sem gerar desequilíbrio no sistema de preços.
Quanto mais baixa a inflação dentro desta faixa, mais submete-se às ações desenvolvimentistas aos desígnios do arrocho fiscal e vice e versa.
Observamos então que a faixa superior da faixa concede ao gestor macroeconômico mais folga para promover gastos em infra-estrutura - coisa que o Brasil tanto precisa - e em programas sociais, por exemplo.
Já o Palomeiro, ao cravar 3% como meta, vai ter que aumentar as taxas de juros e cortar gastos necessários à infra-estrutura do País, para a felicidade do mercado financeiro, que adora arrocho monetário e juros altos, como bem sabemos.
A independência do Banco Central vai na mesma linha. É evidente que o Banco Central deve ter independência para fazer a defesa da moeda, mas também deve se dedicar a defesa da economia, permitindo que o País se desenvolva.
Mas esta independência tem que ser concedida pela decisão política de um governo legitimamente eleito, o que foi praticado por Lula - e vem sendo por Dilma nesses quatro anos.
Diferente disto é criar um sistema aparentemente independente, com escolhas “técnicas” limpas e higienizadas da política.
Até as formigas que circulam pelas paredes do Banco Central sabem que se as escolhas ditas técnicas forem deixadas a mercê das tais livres forças do mercado, teremos uma gestão ultra-conservadora da nossa política monetária, bem ao gosto do mercado financeiro e dos “boys” formados em conservadoras universidades estrangeiras.
Se formos para o caso dos combustíveis, temos aí mais um perigo a frente.
A determinação dos preços dos combustíveis no País afeta o campo da geo-política de desenvolvimento nacional, matéria estratégica para a prática de nossa soberania.
Esta política de preços não pode ser transformada em uma fórmula matemática a ser aplicada mecanicamente.
Se fosse para ser assim, então que se venda logo a Petrobras - como o tucano FHC tentou fazer.
Se fosse para ser assim, não teríamos tido a refinaria Abreu e Lima, nem os estaleiros em Pernambuco e outros Estados, senhor candidato Palomeiro.
Pois tanto a decisão de ter novas refinarias - não precisando importar o combustível refinado - e ampliar as já existentes, quanto a decisão de construir petroleiros e plataformas, contrariaram a racionalidade do que seria uma gestão privada da Petrobrás.
Mas, na verdade, estes foram atos soberanos do governo em defesa do interesse nacional.
O aumento da produção com o pré-sal e do refino do combustível em solo nacional poderão até recomendar preços mais baixos no mercado interno.
A manutenção de pregos competitivos para o nosso álcool carburante é o elemento que precisa ser sempre considerado nessa equação.
Mas aí é outra história que não tem a ver com a lógica privada de abrir não da definição nacional dos preços dos combustíveis, como prega o Tucano… desculpe, o Palomeiro.
Enfim, o PSB procura agradar o mercado, principalmente o financeiro enquanto o PT continua sendo o partido que, mesmo governando para todos, tem tido e continuará tendo seu compromisso maior com a brava gente brasileira, principalmente com aqueles que nunca tiveram vez antes.