Da Agência Estado O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados tentou nesta terça-feira aprovar a “admissibilidade” do processo contra o deputado licenciado André Vargas (sem partido-PR), mas enfrentou resistência de aliados do ex-petista durante todo o dia.
Depois, quando conseguiu aprovar, teve de recuar em razão de um impedimento regimental.
O motivo é que a votação no colegiado ocorreu quando já havia sido iniciada a ordem do dia no plenário da Casa.
De acordo com o regimento interno, nenhuma votação tem validade quando iniciados os trabalhos no plenário.
Segundo integrantes do Conselho, a ordem do dia iniciou às 18h13 e a votação ocorreu às 18h18.
Em razão disso, a votação foi feita a toque de caixa .
Eles entenderam que enquanto não tivesse quórum no plenário, poderia ser feita a votação do parecer no conselho.
O placar foi de 12 votos a zero em favor do relatório apresentado pelo deputado Júlio Delgado (PSB-MG) pela admissibilidade, ou seja, pela continuação do processo contra Vargas no conselho.
Votaram a seu favor parlamentares da base (PMDB, PSD, PP, PDT, PTB e PCdoB) e da oposição (PSDB, PSB e DEM).
Nove deputados não compareceram para votar, tanto da base (PT, PMDB, PP, PR) e da oposição (PV/PPS e PSC).
Poucos petistas compareceram ao longo do dia na reunião, o que ajudou a adiar a abertura dos trabalhos por falta de quórum e, consequentemente, que a votação ocorresse a tempo.
Sob pressão da cúpula do PT, Vargas anunciou na última sexta-feira a sua desfiliação da legenda.
O único a se manifestar hoje foi o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Perto do início da ordem do dia no plenário, ele apareceu pedindo o encerramento da sessão pois a ordem do dia no plenário já havia sido iniciada, o que foi decretado pelo presidente da comissão, Ricardo Izar (PSD-SP), após consulta por telefone ao secretário-geral da Mesa, Mozart Vianna.
Vaccarezza é citado em diálogos entre Vargas e o doleiro Alberto Yousseff, segundo relatórios da Polícia Federal referente à Operação Lava Jato que apontam ainda que o doleiro frequentava sua casa.
Um outro impasse também ajudou a atrapalhar os trabalhos: Vargas não apresentou nenhum advogado ou representante para defendê-lo na comissão.
Em meio à discussão sobre qual procedimento adotar, integrantes do colegiado decidiram nomear a advogada Adelina Carvalho, funcionária da liderança do PSD na Casa, para acompanhar a votação como representante do deputado licenciado do PT do Paraná.
Para Julio Delgado, André Vargas, ao não indicar um defensor, usou desse subterfúgio para protelar mais uma vez o julgamento do caso no Conselho. “Lógico que isso tudo é colocado para protelar o processo e estendê-lo.
Isso tudo só demonstra claramente que há indícios e fatos a serem investigados”, afirmou Delgado. “A chegada do deputado Cândido Vaccarezza pedindo a interrupção da sessão porque estava em início a ordem do dia tumultuou ainda mais.
Acho pouco provável que a gente consiga voltar para votar na noite de hoje esse relatório”, acrescentou.
No início da sessão, o deputado Ricardo Izar também informou que recorreu na última sexta-feira ao Diário Oficial da Câmara para comunicar André Vargas sobre o processo.
A iniciativa teria ocorrido após integrantes do Conselho tentarem, sem sucesso, apresentar a intimação no gabinete do deputado e na residência funcional.