Por Fernando Bezerra Coelho, ex-ministro da Integração Nacional e pré-candidato ao Senado pelo PSB Nada preocupa tanto os brasileiros atualmente quanto a saúde.

Acima de 70% das pessoas apontam este item como o mais problemático, seja em qualquer nível de governança: União, Estados ou Municípios.

E é fácil de entender o motivo, afinal com saúde não se negocia.

Doenças exigem tratamento e quem precisa ser atendido não pode ser recebido com justificativas.

Porém, é importante deixar claro que aqui não está uma crítica a nenhum modelo de gestão específico, mas uma reflexão sobre o que as ruas apontam.

Uma análise sobre a aflição que toca, diariamente, milhões de brasileiros em busca de mais dignidade para viver.

O Sistema Único de Saúde (SUS), que começou a ser desenhado no final dos anos 80, é um modelo ousado.

Ele traz em sua matriz a mais avançada proposta de universalização da saúde do mundo, prevendo atendimento igual para todas as pessoas, sejam elas contribuintes ou não.

Um exemplo de concepção de saúde pública.

Mas, passados quase 30 anos da criação do SUS, sua execução apresenta sérios problemas.

Nem a população que precisa fica satisfeita com o que recebe e muito menos os governos, que prestam o serviço, avaliam os resultados como positivos.

Pela força da lei, os estados são obrigados a aplicar 12% e os municípios 15% de suas próprias receitas no fortalecimento do setor.

Na prática, porém, prefeitos chegam a desembolsar até 30% para tentar manter os serviços funcionando.

Já a União, que concentra dois terços de todos os recursos brasileiros, não chega a investir hoje nem 4,5% das receitas vinculadas à Saúde.

Se o Governo Federal destinasse pelo menos 10% originalmente previstos na concepção do SUS, teriam sido R$ 130 bilhões a mais no ano passado.

A Organização Mundial de Saúde revelou que o Brasil ocupa a 72ª colocação num ranking de 193 países, quando o quesito é investimento público.

Segundo a OMS, investimos 317 dólares por pessoa/ano, quando a média internacional é de 517.

Na América do Sul estamos atras de Argentina, Chile e Uruguai.

O mesmo estudo mostra que mais de 50% dos brasileiros pagam por saúde privada.

Na Grã Bretanha são apenas 17% e na Colômbia 26%.

A nossa rede privada, aliás, tem quatro vezes o número de médicos do sistema público. Índices humilhantes para uma nação que tem a 7ª economia do mundo, mas não consegue realizar uma simples consulta ou exame preventivo.

Há 25 anos a União arcava com 75% dos gastos do SUS, enquanto hoje paga por apenas 40%.

Isto quer dizer que o Governo Federal foi reduzindo gradativamente sua participação, enquanto a necessidade por atendimento cresceu.

A população aumentou, a tecnologia evoluiu e os tratamentos ganharam novas complexidades.

A engrenagem ficou mais cara, estrangulando estados e municípios.

Está na hora de discutirmos a fatia que cabe ao governo central nesta conta, até porque durante este período os recursos ficaram cada vez mais concentrados em Brasília.

O novo pacto federativo passa pela discussão de uma partilha mais justa. É um debate precisa ser feito, envolvendo toda a sociedade, de forma equilibrada e responsável, para que a população possa ser atendida do jeito que espera e merece. * O Blog está aberto para opinião dos demais candidatos da chapa majoritária no Estado