Não passou em branco, para o PT, o fervor religioso demonstrado por Eduardo Campos e Paulo Câmara, pré-candidatos a presidente e governador do PSB, respectivamente, neste feriadão.

O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) não usou de meias palavras, via rede social. “Aberta a temporada de hipocrisias religiosas.

Candidatos vão a missas ‘discretamente’, para o mundo inteiro ver seu fervor religioso”.

O ataque visivelmente era direcionado a Eduardo e Paulo Câmara.

O líder maior do PSB esteve em Aparecida, interior de São Paulo, na missa de Páscoa da basílica católica.

Na ocasião, aproveitou para declarar-se contra o aborto, como a maioria da população.

Outra declaração de Eduardo, na basílica de Aparecida, de que não conhecia ninguém que era a favor do aborto, gerou uma forte reação contrária nas redes sociais.

Já Paulo Câmara, pré-candidato do PSB ao Governo de Pernambuco, seguindo a cartilha de Eduardo, literalmente carregou o andor da Procissão do Senhor Morto, na tradicional caminhada católica da cidade de Bom Jardim, interior de Pernambuco.

Não consta que, em anos anteriores, Paulo Câmara tenha mostrado tamanha devoção ao santo de Bom Jardim.

Ambos os socialistas também fizeram questão de divulgar fotos, via redes sociais, das respectivas participações nos atos religiosos deste feriadão.

A deputada estadual Teresa Leitão, presidente do PT de Pernambuco, usou seu twitter para classificar a mistura de “açaí e tapioca” como “indigesta demais”, se referindo a união de Marina e Eduardo, que petistas tem tachado como tendo um viés religioso conservador.

Como é sabido, no ato em que se anunciou vice de Eduardo Campos, Marina Silva (Rede) fez uma analogia, dizendo que a união dos dois seria a mistura do “açaí e tapioca”.

Estimulando os temas religiosos, Rochinha, um dos representantes de Pernambuco no diretório nacional do PT e amigo pessoal de Lula, aproveitou o feriadão para desabafar em seu Facebook. “Sempre disse aos meus amigos que você pode ter um Judas por perto.

Acho que alguns pensavam que eu estava ficando louco.

Pena.

Ele estava ao lado”.

Rochinha sempre foi polêmico em suas declarações sobre os socialistas e é considerado o maior suspeito ter redigido o artigo “A Balada de Eduardo Campos”, publicado sem indicação do autor, no início de janeiro, no facebook oficial do PT.

Este artigo anônimo gerou uma forte reação de Eduardo Campos, na época.

Nestes torpedos certeiros, sem entrelinhas, de PT versus PSB, sobrou até para Maurício Rands, ex-petista e filiado em outubro último ao PSB.

Fernando Ferro, comentando uma entrevista do ex-deputado federal, chamou Rands de “analista panglossiano” e disparou. “Esse é mais um oportunista que surfou no PT”.

O significado de panglossiano: “que diz respeito ao Doutor Pangloss (personagem do romance ‘Cândido’, de Voltaire), que professava um otimismo beato, e para quem tudo parecia correr às mil maravilhas”.E a campanha, oficialmente, nem começou !