Petrobras no limbo Presidente da estatal e pivô da desastrada compra de refinaria nos EUA pouco fizeram no Congresso para afastar necessidade de CPI Os depoimentos no Congresso da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do ex-diretor internacional Nestor Cerveró em nada contribuíram para afastar a necessidade de uma CPI.

Foram, antes, insuficientes para dirimir a impressão de que a compra da refinaria de Pasadena (Texas, EUA), além de uma péssima transação, segue com muitos pontos obscuros.

Foster tentou traçar a quadratura do círculo em sua manifestação.

Disse que a aquisição foi um mau negócio, mas que isso só se evidenciou a posteriori.

Na época, justificou, fazia sentido adquirir refinarias no exterior.

A executiva afirmou ainda que a Astra, sócia belga da Petrobras em 50% do negócio, teria pago bem mais que US$ 42,5 milhões pela refinaria em 2005.

O valor correto, com investimentos, seria US$ 360 milhões.

Seu objetivo era mostrar que o valor pago pela Petrobras menos de um ano depois (US$ 359 milhões por metade da refinaria, ou seja, o dobro) não era tão absurdo.

Por fim, Foster confirmou que as duas cláusulas polêmicas favoráveis à Astra –garantia de rentabilidade mínima e direito de venda de sua parte à Petrobras em caso de discordância– foram omitidas do resumo preparado para o Conselho de Administração.

O depoimento corroborou, assim, a presidente Dilma Rousseff, à época presidente do conselho.

Dilma havia dito que não teria aprovado a transação se tivesse conhecimento dos termos completos.

Já Cerveró, em seu testemunho, afirmou que as cláusulas não eram importantes para o negócio.

Disse ainda que nada fez sozinho e que o resumo fora aprovado antes pela diretoria.

Ou seja, procurou diluir a responsabilidade.

São dois os problemas principais que o governo tenta obscurecer ao centrar o debate no preço da primeira aquisição de metade da refinaria.

Antes de mais nada, o custo da segunda metade, uma vez exercida a opção de venda pelos belgas, contra a qual a Petrobras foi à Justiça.

Foram nada menos que US$ 820,5 milhões, em 2008.

Somando investimentos de US$ 685 milhões nos anos seguintes, chega-se a US$ 1,9 bilhão de custo total.

Em segundo lugar, há a questão da governança da empresa.

A disputa judicial com a Astra é de 2008, e nada foi feito.

Cerveró não foi demitido, só deslocado para uma subsidiária.

A Petrobras, Foster incluída, não tomou providências quanto à omissão que agora criticam.

Não há como dourar a pílula.

O imbróglio Pasadena se produziu com omissão, má gestão e, possivelmente, corrupção.

Imagine-se se e quando uma CPI investigar o estouro de orçamento da refinaria Abreu e Lima (PE), cujo custo se aproxima de US$ 20 bilhões –oito vezes o previsto.