Foto: Blog Imagem A declaração do ex-presidente Lula (PT) de que o ex-governador Eduardo Campos (PSB) migrou para a direita já encontra respaldo no PT pernambucano.
Em entrevista ao Blog de Jamildo, o deputado federal Fernando Ferro (PT) endossou a afirmação e subiu o tom, ironizando o socialista ao chamá-lo de “sol do mundo” e “Sua Majestade”.
Eduardo vai lançar a candidatura presidencial nesta segunda-feira (14), em Brasília.
No mesmo dia, a presidente Dilma Roussseff (PT) cumpre duas agendas em Pernambuco.
Apesar de adversários, Ferro nega que a presença de Dilma seja um recado político. “É muita pretensão da parte do governador imaginar que a presidenta não pode vir a Pernambuco”, afirmou.
Ferro também comentou sobre a disputa local e o apoio do PT ao senador Armando Monteiro.
Para o deputado, a aliança ocorreu porque não surgiu uma alternativa viável dentro do partido para disputar a eleição.
Revelou que o também deputado federal João Paulo (PT) não quis ser candidato por causa da derrota na briga pela Prefeitura do Recife em 2012, mas garantiu que o PT quer vencer a eleição no Estado.
BLOG DE JAMILDO – Essa semana o ex-presidente Lula disse em uma entrevista com blogueiros que o ex-governador Eduardo Campos está indo para a direita.
Ele acha que não tem mais como ele voltar para a esquerda e lamentou isso.
Como é que o senhor viu essa declaração?
FERNANDO FERRO – Nós temos concordância.
A aproximação do governador Eduardo Campos, inclusive na sua tática eleitoral, com os tucanos, fazendo uma espécie de dobradinha, anunciando uma convivência e uma crítica que ele partilha junto com Aécio [Neves, presidente do PSDB] contra a presidenta Dilma, mostra claramente que a escolha política dele foi por um discurso mais próximo desse grupo.
Eu não sei se isso vai dar resultado.
Para mim, vai confundir a cabeça de muita gente ao torná-lo muito parecido com os tucanos.
E ele que tinha uma identidade política está, de certa maneira, perdendo essa identidade e passando a ser essa geleia aí da disputa junto com o Aécio Neves.
Então parece que eles estão ficando irmãos siameses do mesmo eixo político.
BLOG – A vinda da presidente Dilma nesta segunda é um recado político para o ex-governador?
Ela vir para cá no mesmo dia em que ele está lançando a candidatura presidencial?
FERRO – De forma alguma.
A presidenta está fazendo uma agenda de seu governo.
Eduardo Campos, por mais famoso que seja, ainda não é o sol do mundo, que tudo tem que girar ao redor dele.
A presidenta não tem que pedir licença ou respeitar a agenda de quem quer que seja.
Ela tem que fazer o seu trabalho e está fazendo o seu trabalho como presidente da República.
Eu acho que isso daí é muita pretensão da parte do governador imaginar que a presidenta não pode vir a Pernambuco no dia que “Sua Majestade” está lançando a candidatura lá em Brasília.
BLOG – O PT passou por todos aqueles desgastes internos, aquele acirramento dentro do partido em 2012.
Agora está unido, mas ainda tem pouca estrutura para disputar eleição, em relação a número de prefeitos, por exemplo.
Inclusive, com alguns prefeitos declarando apoio a Paulo Câmara.
Como é que o senhor vê a situação do PT aqui no Estado?
O PT tem força para entrar nesta eleição?
FERRO – O PT vai ter uma campanha para a presidenta Dilma, que é a nossa grande referência política.
Estamos numa aliança com o PTB, que apresentou o nome do senador Armando Monteiro, e vamos fazer campanha para ganhar a eleição aqui.
Os prefeitos do PT sabem que têm compromissos partidários, sabem que tem regimento interno do PT.
E se tomarem posição de se rebelar contra o partido, sabem que terão que prestar contas.
No limite, isso significa ser afastado do partido.
E acho que alguns deles pensam até num processo de reeleição.
Então, têm que pensar duas vezes antes de fazer isso.
Não é uma ameaça, mas é uma questão de fidelidade partidária.
De fidelidade à campanha da presidenta Dilma.
O candidato da presidenta Dilma a governador aqui em Pernambuco é o senador Armando Monteiro.
Se quiser apoiar outro candidato, vai fazer uma escolha e vai ter que responder por isso.
BLOG – Durante o PED, todos os candidatos a presidente do PT defenderam a candidatura própria.
O PT decidiu pelo apoio a Armando e existe uma crítica de algumas pessoas, inclusive do presidente do PT do Recife, Oscar Barreto, em relação a essa mudança.
Por que é que o senhor acha que o PT mudou de ideia?
FERRO – Eu defendi candidatura própria.
Só que para ter a candidatura, tem que ter o candidato próprio.
Quem é o candidato próprio?
A nossa expectativa principal era o nome do ex-prefeito João Paulo, que foi quem se projetou com essa capacidade.
Mas ele não quer ser candidato.
Ele avaliou, inclusive, que tem uma dificuldade de aceitar essa disputa, principalmente depois do resultado eleitoral para prefeito do Recife [em 2012].
Então nós ficamos sem candidato.
Por isso que nós avaliamos que o prioritário era garantir um bom palanque para a presidenta Dilma aqui.
E lamentavelmente esse palanque não tem um candidato, na cabeça, do PT.
Mas tem um aliado político.
Tem a candidatura ao Senado do ex-prefeito João Paulo.
E vamos fazer uma campanha.
Acho que superamos isso.
Infelizmente, eu sempre também achei que o melhor era nós termos um candidato próprio.
Mas a vida não é como sempre a gente a pensa que é.
Porque não tinha; não surgiu alternativa viável para ser candidato.
Eu converso isso com os companheiros e sempre peço.
Se nós tivéssemos um candidato competitivo, seria um caminho prioritário.
Mas não temos.