Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR Por Carolina Albuquerque Do Jornal do Commercio desta quarta-feira (9).

Em dezembro de 2012, antes mesmo de sentar na cadeira de prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) anunciou com pompa a extinção de 632 cargos comissionados, o que provocaria uma economia de mais de R$ 1 milhão por ano aos cofres municipais.

Mas ontem, através de projeto de lei aprovado na Câmara do Recife, foram criados 150 cargos de confiança com remuneração que varia de R$ 7.959,38 a R$ 11.610.

Isto “cobre” a despesa até então poupada, uma vez que o impacto mensal passa a ser de R$ 1,4 milhão.

Ao ano, essa conta pula para mais de R$ 18,7 milhões, calculado com o 13º.

Aprovada por 24 a 2 (os votos contra foram dos vereadores de oposicionista Priscila Krause, do DEM, e André Régis, do PSDB), a matéria, protocolada no último dia 31 em “regime de urgência”, só precisou de duas semanas para ser incluída na ordem do dia.

Pela manhã, a Comissão de Finanças aprovou o projeto, com apenas o único voto desfavorável de Priscila. À tarde, a democrata levantou a discussão. “Não posso falar desse projeto sem lembrar de 2012.

Naquele momento, questionamos a eficácia de uma mudança feita tão às pressas.

Fizeram ouvidos moucos.

Agora, o projeto está dizendo que aquela lei de 2012 não presta”, bradou.

A vereadora provocou: “Vim aqui discutir compromisso de campanha, político.

Cadê a redução de pelo menos R$ 1 milhão?”.

Escalado para defender o governo, o vereador Eurico Freire (PV) argumentou que a mudança foi para valorizar com maiores salários os técnicos.

O presidente da Casa José Mariano, Vicente André Gomes, deixou a mesa nesse momento para também se posicionar a favor da mudança.

Elogiou a defesa de Eurico, mas admitiu que o prefeito estava “corrigindo tecnicamente”.

Apenas os dois se pronunciaram publicamente favorável à alteração proposta pelo Executivo.

Mas não contestaram os números apresentados por Priscila Krause em nenhum momento.

A vereadora chamou de “matemática de padaria” o argumento de que diminuíram em 10 o número de cargos comissionados (de 160 para 150), já que o impacto financeiro vai ser bem maior.

Antes, os cargos de Apoio e Assessoramento 3, 4 e 5 previam salários de R$ 622 a R$ R$1.522,84.

No mês, seriam R$ 184.314,02 gastos.

A alteração aumenta em nove vezes essa quantia.

Apesar da discussão, o projeto foi aprovado sem grandes atropelos pela bancada governista, que ainda recebeu os votos dos vereadores petistas, hoje na oposição.