Por Michel Zaidan Filho Quando um governador de estado abandona o seu posto para se candidatar à vaga de Presidente da República, em oposição ao governo federal, ele atrai sobre si a atenção de muitas pessoas.

A imprensa do sul do país (O Globo, a Folha de São Paulo, a revista Piaui), ao contrário da imprensa local, busca avidamente informações sobre o perfil administrativo do ex-governador de Pernambuco, sobre a sua trajetória política, sua herança familiar etc. É nosso dever saciar essa sede.

Ministrar à opinião pública do país informações úteis e valiosas sobre o candidato, evitar que se compre gato por lebre.

Quando o ambiente econômico do Brasil parece se deteriorar, a par dos efeitos deletérios da crise economico mundial, e quando os efeitos do chamado “neo-desenvolvimentismo” da presidente Dilma parecem se esgotar, o momento é propício para as candidaturas de oposição.

Cada qual que se apresente como a fórmula mágica que vai redimir, mais uma vez, os brasileiros da inflação, do endividamento, do baixo crescimento e da pesada carga tributária que nos oprime.

Há também o efeito de demonstração dos partidos oposicionistas no Congresso esperando tirar uma carona na instalação das CPIs.

Isto não é novidade.

Combina com o ambiente turvo e carregado da pré-campanha eleitoral.

Mas uma vez seremos tragados por uma tempestade de acusações, denúncias, processos.

A nossa esfera pública vai se transformar em antesala de delegacia de polícia.

Em vez de argumentos, acusações.

Os judas escariotes da hora apontarão o dedo sujo para os aliados de véspera, apostando na aminésia histórica do povo brasileiro.

Por um passe de mágica, os mesmos que comungavam da mesma cartilha do “neo-desenvolvimentismo”, apoiado no fundo público, na renúncia fiscal e no endividamento das famílias vão se arvoram agora em salvadores da pátria, prometendo fazer mais e melhor.

Se Pernambuco fôr o laboratório dessa “boa nova”, apadrinhada pela irmã Marina Silva, o Brasil deve ficar parecido como o Estado Novo, do ditador Getúlio Vargas.

Afinal, foi Agamenon Magalhães o encarregado por Getúlio para inaugurar a “emoção do Estavo Novo” em Pernambuco.

Pelo andar da carruagem imperial na província, pode-se imaginar como será o governo do reino.

Mas em que consiste exatamente a novidade?

A Nova Política?

E o novo candidato? -Na continuidade da agenda gerencial de FHC.

Publicização dos bens de utilidade pública (saude, educação, museus, laboratórios etc.), transferidos sem mais para as OSSIPs e outras entidades do terceiro setor; privatização da segurança pública, venda do estado a empresas e investidores à custa das medidas de proteção sócio-ambiental.

Modelo gerencial (leia-se: privatista) de administração pública misturado com familismo amoral.

Exemplo de gestor que trocou o interesse público pelo mercado, sob a alegação de criação de empregos e geração de renda. É até possível que o ex-governador aponte estatísticas favoráveis para convalidar o sucesso de sua gestão.

Mas é inegável que o modelo empregado é aquilo que Celso Furtado chamou de “socialização da perdas” e “privatização dos lucros”.

A política economica dos “polos de desenvolvimentos” (“state-region”, em inglês) é uma tipica medida dos gerentes da globalização: fragmentasse o espaço geo-político do estado, instalando-se ninchos de competitividade, altamente incentivados, sem nenhuma conexão orgãnica com as regiões adjacentes, produzindo modelos duais de emprego, renda, moradia, lazer e tansferindo para as cidades vizinhas o ônus da subcidadania.

Nunca um gestor gastou tanto dinheiro em propaganda.

A licitação de mais de 100 milhões entre agências e veículos de comunicação deve ter produzido a alquimia, perante os olhos da população, de um governo operoso, eficiente, justo e “moderno”.

Poderiamos ainda indagar: em que se fundamenta a boa nova desse candidato? - Na reprodução da oligarquia de Pernambuco, utilizando os cacoetes da administração gerencial do estado.

Cara nova, conteudo velho.

Quem não te conhece, que te compre!