Por Roberto Numeriano As recentes inserções do PSB e da Rede Solidariedade nas emissoras de TV são uma das coisas mais toscas que vi nos últimos anos na política.

Para além da questionável legalidade da propaganda (não seria, a rigor, propaganda eleitoral antecipada?), esse marketing soa tão falso, tão superficial e embusteiro, que minha reação foi sorrir…

Sim, sorrir quase com vergonha alheia do ridículo de toda a cena.

Uma senhora, Marina Silva, com discurso pedante e intraduzível, sentada próxima de seu interlocutor, Eduardo Campos, com seu velho ar politicamente arrogante, ambos falando palavras como “transversal” e outras pérolas para consumo do eleitor de… de… talvez de classe média alta com escolaridade de pós-doutorado.

Para além da cena tosca (ambos parecem dialogar numa espécie de teleconferência), o que me espanta, como militante político e cidadão, é o cinismo político de ambos.

Parecem um casal desses casamentos onde marido e mulher apenas se suportam, medem mil vezes as palavras para evitar ferir os calos no pé e na alma.

São herdeiros da essência das políticas públicas do PT; até ontem estavam integrados de corpo e alma na formulação e gestão dessas políticas.

Defendiam com unhas e dentes quem questionasse a estratégia petista, centrando fogo no DEM, PSDB e outros partidos de oposição.

Pois essa gente vem agora, com ar professoral e discursos enviesados, dizer que é o novo, a nova política, juntando-se justamente com DEM e PSDB?

Já escrevi aqui que há muito tempo não voto no PT, mas nem por isso vou deixar de combater embustes políticos como esse.

Sobretudo porque essa nova política do senhor Eduardo Campos é a velha política dos coronéis de antanho: da porrada pública e isolamento de quem discorda de sua liderança imperativa.

Mas, infelizmente, essa novíssima política não vai nos deixar tão cedo, pois separou, no orçamento estadual, a bagatela de R$ 100 milhões para propaganda do governo que deixou. (Sem dúvida, torrar R$ 100 milhões em “prestação de contas” é típico da modernidade política da nova era, e gostaria de saber se cabe ao TCE e/ou ao Poder Legislativo questionar, preventivamente, esse trem da alegria das empresas de propaganda.

Pelo menos o que restou do Poder Legislativo na era imperial eduardina).

Roberto Numeriano é jornalista, professor, cientista político e dirigente estadual do PSOL/PE.