Por Jamildo Melo, editor do Blog O Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Prefeitura da Cidade do Recife volta a analisar, nesta manhã de sexta-feira, a demolição em definitivo do prédio Caiçara, em Boa Viagem, pela construtora Rio Ave.

Dificilmente, manobras protelatórias sob a justificativa de mais análises poderão ser adotadas, como um novo pedido de vistas.

O mau exemplo da tentativa de eternização da análise do projeto imobiliário do Novo Recife, no Cais José Estelita, nem precisa ser lembrado.

A demolição começou a ser feita no final de setembro do ano passado, mas foi suspensa.

Oficialmente, o objeto da análise é a transformação do prédio em uma área especial de preservação, depois que fracassou uma tentativa de quadros técnicos com perfil ideológico e de oposição em tombar o imóvel.

Se prevalecer o bom senso, a continuidade da demolição será autorizada, uma vez que o prédio nada tem de histórico.

Atenção: não é o blog que diz que o prédio não tem valor histórico.

O presidente da Fundarpe, Severino Pessoa, já disse ao JC no mês passado. “Vamos esperar a posição do Conselho de Desenvolvimento Urbano para decidir se manteremos ou não o embargo.

Parecer da nossa equipe técnica foi contrário ao tombamento do Caiçara”.

Precisa desenhar?

Não é só.

O pedido de inclusão do Caiçara na lista de IEPs (Imóvel Especial de Preservação) começou a fazer água depois que a Comissão de Controle Urbano (CCU), instância anterior ao CDU, decidiu, sem alarde, dia 18 de fevereiro último, indeferir o pleito.

Por sete votos a favor, dois contra e uma abstenção, a comissão foi contrária à classificação do imóvel como IEP.

Precisa desenhar? É preciso dizer, desde logo, que o Blog de Jamildo respeita toda e qualquer decisão do CDU, diferentemente daqueles que defendem uma democracia esquisita, somente quando as autoridades públicas fecham com suas posições - afinal, são donos da verdade verdadeira, não é não?

Se não aceitam suas teses, são vendidas ao grande capital, bla, blá, blá…

Coisa de umbral da faculdade para dentro.

Até a Justiça do Estado já decidiu sobre isto, no final do ano passado.

A decisão, de mérito, não uma liminar, foi dada pelo juiz de direito Rogério Lins e Silva, no dia 15 de outubro de 2013.

Não sei como não foi chamado de vendido, pois qualquer um que ouse pensar diferente, discordar, logo é detratado.Vamos lá valentes…

Pelas redes sociais, o promotor de Justiça do MPPE Ricardo Coelho, reverberando a decisão, foi obrigado a reconheceu a derrota em ação que pedia na Justiça estadual a restauração do prédio. “Como e Estado e a Prefeitura ainda não tombaram o bem, resta agora apelar para o bom senso da construtora Rio Ave, e, principalmente a URGENTE mobilização popular.

Vamos a luta !”, afirmou, sobre a cassação da liminar obtida pelo MPPE.

Uma pena que um defensor público da lei se entregue facilmente à demagogia, embora seja ele mesmo um avanço em relação ao passado mais do que recente.

Uma pena que a imprensa local não tenha se dado ao trabalho de ler a sentença na íntegra, mas, em tempos de jornalismo facebook, aquele que se justifica e existe para ser curtido, a verdade factual não é o ponto de partida.

A campanha ideológica e barata para impedir a demolição completa do edifício Caiçara, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, chegou até à internet, é claro.

Depois do protesto físico na orla, com apenas quatro gatos pingados, o movimento virou virtual.

Agora, com a verticalização das eleições, ficou ainda mais visível interesses partidários não declarados que não estão por detrás da malandragem.

Ocorre que nem todos são incautos.

Nem todos se deixam empulhar por ataques virtuais, seja nas redações ou fora delas.

Eu vivi para ver isto… jornalista que não honram as calças, com medo de assinar reportagens para não serem perserguidos pelas redes sociais.

Ou seria descurtido?

João Braga Tão atacado injustamente por grupos ideológicos mais radicais neste episódio, o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga, atendendo ao alarido inicial, impediu que o edifício Caiçara fosse demolido, quando a Fundarpe avisou a imprensa, erroneamente, que havia um processo em tombamento, quando, na verdade não havia, como não há, nada histórico a ser preservado no imóvel, atestado pelo próprio órgão.

Apesar disto, João Braga enviou ofício para a construtora Rio Ave informando que não poderiam proceder a demolição e que a polêmica seria levada ao Conselho de Desenvolvimento Urbano, para deliberação.

Curiosamente, neste episódio, o prefeito João da Costa (PT) já havia dado autorização para demolição do Caiçara, mas não é alvo de ira santa alguma.

O papel de Raul Jungmann Na contramão deste processo, o troféu cara de pau cabe sem dúvida alguma ao líder da oposição no Recife, vereador Raul Jungmann (PPS), ao farejar a oportunidade de surfando na onda e pescar mais alguns votinhos.

Algo decepcionante para quem já ocupou cargo de ministro da República.

Jungmann chegou a dar entrada em um Projeto de Lei na Câmara Municipal do Recife classificando o Edifício Caiçara como Imóvel Especial de Preservação (IEP).

Ele só tomou essa iniciativa depois que a construtora iniciou a derrubada do prédio em Boa Viagem. “Isto provocou a revolta das pessoas com o descaso com o patrimônio histórico da cidade, visto que o Edifício é da década de 40”, disse, na época. “A destruição do Edifício Caiçara é mais um assassinato contra a história da cidade do Recife.

Isso é, na verdade, uma fotografia de um filme de horror que vem se fazendo com a alma do Recife. É preciso que a Prefeitura e os órgãos do Governo do Estado regulem essa indiscriminada destruição da memória da nossa cidade.

O Caiçara será um marco em dizer basta na destruição daquilo que a nossa cidade tem de patrimônio”, argumentou Raul Jungmann, na época. “O Edifício Caiçara remete à memória histórica e afetiva da cidade do Recife, é um dos poucos remanescentes da origem do bairro de Boa Viagem.

Com o crescimento da área, as antigas casas e residências e edifícios menores foram dando lugar a construções cada vez mais verticalizadas, que foram transformando a paisagem local e mudando a feição do bairro, de origem balneária.” Como está a votação?

A polêmica decisão sobre a derrubada versus a preservação do Caiçara depende do resultado da votação dos representantes do CDU, formado por membros da sociedade civil e do poder público.

Depois de uma breve discussão sobre o futuro do Edifício Caiçara, a integrante do CDU Fátima Furtado, representante do Mestrado em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pediu vistas no processo de transformação da edificação em Imóvel Especial de Preservação (IEP).

Apesar do pedido de vistas, no mês passado, três conselheiros adiantaram o voto. Ângela Carneiro da Cunha, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/PE), e Frederico Almeida, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foram favoráveis à preservação do imóvel.

Já o representante da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), foi favorável.

Conselheira pede vistas e decisão sobre Edifício Caiçara é adiada Blog de Jamildo publica com exclusividade voto do relator sobre Edifício Caiçara Ministério Público do Estado perde mais uma, agora com a demolição do Caiçara Em nota, PCR diz que construtora Rio Ave estava impedida de demolir prédio Caiçara em Boa Viagem.

Vai pagar multa e sofrer ação Qual sua opinião sobre o futuro do Caiçara?