A Zona da Mata de Pernambuco amanheceu, nesta segunda-feira, 31/03, com mobilizações e bloqueios de BRs realizados por mais de dois mil trabalhadores e trabalhadoras rurais da região.

Foram bloqueados os trechos da BR 101 Sul, na altura da Fábrica da Vitarella; da BR 101 Norte, próximo à Usina Maravilha, em Goiana; e da BR 232, em frente ao Parque Aquático, em Moreno; em Gaibu/Cabo de Santo de Agostinho, entrada Sul de Suape (petroleiros, vigilantes, trabalhadores da borracha, metalúrgicos, MST, MSTS e movimentos sociais).

Além desses trancamentos, um ato público foi realizado na praça do Derby, no Recife, com distribuição de toneladas de alimentos produzidos pela agricultura camponesa e panfletagem.

O presidente da Central, Carlos Veras, classificou a mobilização por reforma agrária e justiça social na Zona da Mata como importante, porque unificou as lutas das organizações e entidades do campo.

Destacou, também, a expressiva adesão dos sindicatos cutistas, do serviço público, da iniciativa privada e do campo.

Ele repudiou a ação truculenta e agressiva por parte do Governo do Estado, através da Polícia Militar, na BR-101 Sul, próximo a Fábrica da Vitarella. “Um companheiro de 60 anos foi agredido por PMs de forma absurda.

Essa prática nefasta aconteceu durante a ditadura militar, onde trabalhadores e estudantes eram espancados covardemente em manifestações.

Aqui em Pernambuco está se tornando uma rotina”, acentuou .

Segundo ele, passados 50 anos, a população do campo ainda vive sob a herança do Golpe Militar e sonha com a democratização das terras. “O modelo de desenvolvimento imposto pela Ditadura para o campo ainda permanece inalterado e os movimentos sociais de luta pela terra continuam sendo insistentemente criminalizados por levantarem a bandeira da Reforma Agrária”.

Veras destacou que os trabalhadores estão reivindicando uma série de medidas emergenciais e estruturantes para a região, no que diz respeito à permanência e acesso à terra e ao território; assalariamento rural; sistema produtivo, agroecologia, segurança e soberania alimentar; e políticas públicas e projetos/programas sociais.

O sindicalista disparou críticas contra o Governo do Estado. “Recentemente liberou mais de R$ 30 milhões para usinas falidas, ao invés de desapropriar terras para a reforma agrária e produção de alimentos”, afirmou, protestando também contra o suposto desvio de recursos do programa Chapéu de Palha para obras de acesso à Arena Pernambuco. “Reivindicamos que o programa seja desvinculado do programa Bolsa Família e que seja garantido meio salário mínimo aos trabalhadores (as)”, frisou.

O presidente da CUT lembrou que há sete meses as organizações sociais do campo entregaram aos governos Estadual e Federal o documento “Diretrizes para reestruturação socioprodutiva da Zona da Mata ”.

São 85 propostas em contraposição ao modelo de desenvolvimento excludente e injusto vigente na região.

Porém, passados sete meses da entrega do documento, nenhuma medida foi anunciada pelos órgãos estatais.“Hoje, dia 31 de março de 2014 foi dado o primeiro passo.

Se o Governo não responder com ações concretas vamos continuar mobilizados e nas ruas, cobrando nossos direitos”, enfatizou.

As mobilizações foram organizadas por diversos movimentos e organizações sociais e sindicais que atuam luta pela terra e por condições mais dignas de vida para a população que mora e trabalha no campo.

São elas: FETAPE, CPT, MST, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Zona da Mata, Contag, Sabiá, Serta, Fase, Centro Josué de Castro, LecGeo/UFPE, ICN, Assocene, Coopagel, Coopag e Centro das Mulheres do Cabo.