Na última quinta-feira (20), o Blog levantou a lebre que as investigações sobre os processos da refinaria de Pasadena, no Texas, poderiam respingar em Pernambuco. “Eu não tenho a menor dúvida que esse escândalo ainda vai chegar a Pernambuco. É só esperar.

A absurda elevação de preços da refinaria Abreu e Lima, no governo Lula, será finalmente explicada.

Ou não”, escreveu o jornalista Jamildo Melo.

Dito e feito.

As obras bilionárias da refinaria de Abreu e Lima também estão no centro das atenções.

A Polícia Federal suspeita que o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, pagou R$ 7,9 milhões em propinas para o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa entre 2011 e 2012.

Os pagamentos, segundo a PF, estavam “relacionados a obras da refinaria Abreu e Lima, licitada pela Petrobras na qual o investigado (Costa) teve participação”.

Ele é investigado pelo crime de corrupção passiva.

Segundo a Revista Veja, em 17 de março, quando Youssef e outros doleiros foram presos pela PF, Costa era alvo apenas de um mandado de busca e apreensão.

Parentes do ex-diretor da estatal, contudo, foram flagrados retirando documentos do escritório dele na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e a polícia pediu a prisão para evitar que novas provas fossem destruídas.

Desde que foi preso, o ex-diretor não apresentou explicações para o recebimento de comissões, que aparentam ser fruto de propina, pagas pelas empresas MO Consultoria e GFD Investimentos, ambas controladas por Youssef.

Costa foi apontado como destinatário dessas comissões em planilha obtida pela PF.

Os pagamentos foram feitos entre julho de 2011 e julho de 2012.

Costa deixou a Petrobras no fim de abril de 2012.

No documento eletrônico, há referência à sigla “CNCC”, que os policiais consideraram um código dado ao Consórcio Camargo Corrêa, responsável por parte das obras de R$ 8,9 bilhões da refinaria Abreu e Lima, investimento coordenado e fiscalizado por Costa como diretor da estatal.

Também foram apresentados à Justiça, para fundamentar o pedido de prisão, documentos que sugerem uma conta corrente de Paulo Roberto Costa compartilhada com Youssef e contas comuns no exterior.

Cerca de R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo foram apreendidos no apartamento de Costa.

Essa quantia estava dividida em 751.400 reais, 10.850 euros e 181.495 dólares em espécie.

Investigadores suspeitam que o dinheiro tenha origem ilícita.

Para justificar a ligação de Costa com Youssef, o advogado Fernando Fernandes alegou que o ex-diretor recebeu um Land Rover Evoque blindado como pagamento de R$ 300 mil pela prestação de um serviço de consultoria.

Mas não foram apresentados documentos, relatórios, recibos de pagamento, ou sequer mencionado o objeto e a forma de prestação do serviço.

A polícia suspeita que o carro seja uma compensação recebida pela atuação de Costa como diretor da Petrobras.

A defesa de Costa teve um pedido de liberdade negado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região e aguarda o julgamento de outro pedido pelo Superior Tribunal de Justiça.