Por Reinaldo Azevedo O poder, como o entendem os companheiros, só pode ser exercido quebrando a espinha do principal aliado O PMDB, como regra, “só dá alegrias” à presidente Dilma Rousseff, certo?
Antes disso, conduzia Luiz Inácio Lula da Silva a verdadeiros êxtases, inenarráveis, por óbvio, no idioma de Camões.
E não é menos verdade que tenha feito a felicidade de FHC, de Itamar ou de Sarney.
Ocorre que, de vez em quando, os peemedebistas ficam descontentes e apresentam a fatura.
Na economia de mercado, há vendedores porque há compradores –e vice-versa.
Vale para o comércio de apoio político, de feijão ou de drogas.
Como não se vai criar uma agência reguladora para estabelecer a ética das trocas de Brasília, os protagonistas é que definem as regras da relação, tornando-se responsáveis por aquilo que cativam.
Dilma não precisa nem ler “O Príncipe”, basta “O Pequeno Príncipe”. É curioso!
Sempre que os petistas são, como eles dizem, “chantageados” pelo PMDB, recorrem à Quinta Cavalaria, formada pelos bravos soldados do jornalismo e do colunismo.
A nossa tarefa (minha, não!) passa a ser, então, fazer a “faxina ética” em lugar do petismo, desmoralizando os peemedebistas recalcitrantes.
Hora de retirar do arquivo, por exemplo, a “ficha” de Eduardo Cunha (RJ), o líder do PMDB na Câmara e chefe da rebelião, desmoralizando-o, evidenciando que suas ações atendem apenas a apelos menores e a interesses pessoais.
Os petistas se apresentam como a plêiade dos éticos enfrentando “o rei da fisiologia, do baixo clero e dos interesses inconfessáveis”.
Já escrevi em meu blog e repito aqui: aplaudo de pé a rebelião liderada por Cunha.
Na relação PT-PMDB, prefiro a guerra à paz. É melhor para o país.
Dez ministros, mais a presidente da Petrobras, terão de dar explicações à Câmara?
Haverá uma comissão para acompanhar a investigação de eventuais falcatruas na Petrobras?
Tuma Jr. foi convidado a falar o que diz saber sobre o Estado policial petista? Ótimo! “E se Dilma ceder e pagar o preço de Cunha?”, poderia indagar alguém.
Aí eu vou vaiá-lo, ué!
Também de pé!
Como já fiz tantas vezes.
Só que, nessa hipótese, ela também será alvo dos meus apupos.
Acho, sim, que fazer a crônica das eventuais motivações menores desse ou daquele tem interesse jornalístico.
Mas jornalista não é soldado.
Ignorar que o conflito em curso é também expressão das tentações hegemônicas do petismo, como deixam claro os palanques estaduais, corresponde a abandonar o jornalismo em benefício da fofoca ou do cumprimento de uma tarefa.
O PMDB é o próximo alvo dos petistas caso Dilma se reeleja.
O poder, como o entendem os companheiros, só pode ser exercido quebrando a espinha do principal aliado.
A essência da proposta de reforma política do PT, por exemplo, que está prestes a ser feita no tapetão do STF por iniciativa da turma de Luís Roberto Barroso –refiro-me ao financiamento público de campanha–, busca, no médio prazo, destroçar o PMDB. É uma aspiração compatível com os marcos teóricos da companheirada.
Só não vê quem não sabe.
Finge não ver quem já sabe.
De resto, no que concerne aos marcos institucionais, o PMDB, ao menos, está entre os fiadores da democracia.
Descartou, por exemplo, num congresso partidário, de modo peremptório, canalhices como o “controle social da mídia” –essa mesma que os petistas costumam pautar de forma tão eficaz contra… o PMDB. “Ah, mas existe a questão ética!” Algum coleguinha que cobre os bastidores de Brasília teria a cara de pau de asseverar que há uma substancial diferença de padrão entre os dois partidos?
PS - Não erramos, errei!
Afirmei, na semana passada, que Ricardo Lewandowski absolveu Delúbio Soares do crime de corrupção ativa.
Ele o condenou.
Mas livrou, sim, a cara de José Dirceu e de José Genoino.
Dados os seus votos, deve-se entender que os crimes do mensalão derivaram de um concerto entre banqueiros, publicitários, Delúbio e, claro!, uma empregadinha de Marcos Valério: Simone Vasconcelos, também condenada pelo ministro.
O mordomo escapou porque não entrou na história.