Foto: BlogImagem O debate sobre o valor histórico do Edifício Caiçara foi debatido na manhã desta sexta-feira (14) pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) do Recife.
Adiada para o próximo dia 4 de abril após um pedido de vistas, a reunião do Conselho pode decidir se o prédio vira um Imóvel Especial de Preservação (IEP), obrigando a construtora a manter as características originais da construção, ou se a empresa Rio Ave poderá prosseguir com a demolição iniciada no dia 27 de setembro do ano passado. “O Caiçara não tem nenhum significado histórico para a cidade do Recife”, afirmou o arquiteto Wandekolk Walter Tinoco, cujo parecer serviu de sustentação para a defesa da Rio Ave junto a Fundação do Patrimônio Artístico de Pernambuco (Fundarpe) no processo que julgou o tombamento do prédio.
Para o arquiteto, o fato de o Caiçara não representar um estilo arquitetônico tradicional do Recife, mas ter sido copiado de outros prédios estrangeiros e adaptado ao gosto da família que o construiu, tira o valor histórico que o imóvel poderia ter. “O Caiçara não significa nada.
Ele é uma excrescência do nosso mal gosto histórico”, criticou. “Analisar apenas a questão arquitetônica é uma visão bastante estreita do que seria preservar a memória urbana”, rebateu a professora Fátima Furtado, recém empossada no CDU, cujo pedido de vistas adiou a decisão sobre o futuro do prédio por vinte dias. “É uma visão grosseira”, classificou.
No dia 4 de abril, a professora do Mestrado em Desenvolvimento Urbano (MDU) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) terá que apresentar um parecer sobre a situação do prédio.
Outros integrantes podem pedir novas vistas, adiando a decisão por mais vinte dias, mas ela teria que ser aprovada pela maioria dos 30 integrantes do Conselho.
Nesta sexta, apenas 22 membros compareceram ao encontro.
Apesar do pedido de vistas, três conselheiros anteciparam os votos.
Os representantes do Conselho de Arquitetos e Urbanistas de Pernambuco e do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) foram pela preservação do prédio, enquanto o porta-voz da Associação das Empresas do Mercado Imoboliário (Ademi-PE) foi contrário.
O relator do projeto foi o vereador Augusto Carreras, cujo voto foi pelo indeferimento; baseado nos pareceres dos arquitetos apresentados pela Rio Ave à Fundarpe.
O relatório dele teve cinco páginas e chegou a conclusão de que não existem elementos que caracterizem o Caiçara como IEP. “Todas as vezes em que nós tivemos um projeto de impacto, alguém pediu vistas”, explicou o secretário de Mobilidade e Controle Urbano, Jorge Braga.
O encontro do dia 4 de abril está marcado para as 9h, novamente no 12º andar da PCR.
Diretor da Rio Ave, Alberto Ferreira da Costa Filho afirmou que está confiante que o CDU vai tomar a melhor decisão.
Ele também evitou afirmar se pretende concluir a demolição e qual empreendimento a construtora falar no lugar. “Por enquanto, vamos esperar a definição dos órgãos públicos competentes”, disse.