Por Fernando Rodrigues A sova política que Dilma Rousseff está aplicando no PMDB revela uma fragilidade extrema não só do partido que apanha, mas de todo o Congresso Nacional.
A República, como se sabe, equilibra-se entre Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Quando um partido com apenas 75 deputados entra em disputa com o governo, não há razão para o Congresso inteiro ficar catatônico e só se mobilizar para criar comissões de investigação sobre a Petrobras.
O sistema republicano brasileiro sempre concedeu um poder hipertrofiado ao Executivo em detrimento do Legislativo.
A fragmentação partidária vista na última década agravou essa anomalia.
Na última eleição, 22 siglas elegeram representantes para o Congresso.
Dessas, 13 têm bancadas com mais de dez deputados.
Quase nada anda nesse ambiente infestado de microgrupos.
O debate empobrece.
Qualquer ruído produz uma paralisação.
Trata-se de algo conveniente para o Executivo.
Sobretudo em um ano eleitoral como o atual.
A presidente ganha mais tempo para fazer campanha.
Não precisa gastar energia vetando leis ou negociando projetos.
Dizer que o PMDB é fisiológico é só metade da história.
Dentro do Congresso, a imensa maioria busca cargos e verbas públicas.
Os peemedebistas talvez sejam ape- nas mais explícitos ao dizerem em público o que quase todos falam e fazem em privado.
Só um cataclismo forçará uma ruptura na joint venture eleitoral entre PT e PMDB.
Depois da fase de choro e ranger de dentes, os políticos das duas siglas vão se entender.
No final, a presidente ainda vai faturar lustrando sua imagem: a única ocupante do Planalto que dobrou o PMDB. “O PMDB só me dá alegrias”, disse Dilma Rousseff ontem.
Pode- ria acrescentar: dá também um Congresso pouco eficiente e que só produz ruídos.