Além do shopping de Lavareda no Jiquiá, o Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Prefeitura da Cidade do Recife também analisa, nesta manhã de sexta-feira, a demolição do prédio Caiçara, em Boa Viagem, pela construtora Rio Ave.

A demolição começou a ser feita no final de setembro do ano passado, mas foi suspensa.

Oficialmente, o objeto da análise é a transformação do prédio em uma área especial de preservação.

Se prevalecer o bom senso, a continuidade da demolição será autorizada, uma vez que o prédio nada tem de histórico.

A Justiça do Estado já decidiu sobre isto, no final do ano passado.

Pelas redes sociais, o promotor de Justiça do MPPE Ricardo Coelho reconheceu a derrota em ação que pedia na Justiça estadual a restauração do prédio. “Como e Estado e a Prefeitura ainda não tombaram o bem, resta agora apelar para o bom senso da construtora Rio Ave, e, principalmente a URGENTE mobilização popular.

Vamos a luta !”, afirmou, sobre a cassação da liminar obtida pelo MPPE.

A campanha para impedir a demolição completa do edifício Caiçara, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, chegou até à internet.

Depois do protesto físico na orla, com apenas quatro gatos pingados, o movimento virou virtual.

Ministério Público do Estado perde mais uma, agora com a demolição do Caiçara Em nota, PCR diz que construtora Rio Ave estava impedida de demolir prédio Caiçara em Boa Viagem.

Vai pagar multa e sofrer ação Em uma nota de esclarecimento, logo depois da eclosão do caso, a Prefeitura do Recife informou, através da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, que a licença para a demolição do Edifício Caiçara havia sido dada em novembro de 2011. ocorre que, em 27 de janeiro de 2012, a antiga Diretoria de Controle Urbano (Dircon) havia determinado a suspensão da licença de demolição, a pedido da Secretaria de Cultura do Recife.

A área de cultura tentava iniciar um processo de análise para classificar o imóvel como especial de preservação, até ulterior decisão.

A ameça inicial da PCR foi nesta linha. “Por não cumprir tal decisão, a construtora Rio Ave será acionada pela Prefeitura do Recife e terá que pagar uma multa”, disse a gestão municipal. “Sobre a recomendação do Ministério Público de Pernambuco em transformar o Edifício Caiçara em um Imóvel Especial de Preservação (IEP), a gestão anterior (João da Costa) optou por aguardar o parecer da Fundação de Patrimônio Artístico de Pernambuco (Fundarpe) para só depois encaminhá-lo à Comissão de Controle Urbanístico (CCU) e ao Conselho de Desenvolvimento Urbano para análise e que, embora tenha tomado conhecimento do teor do documento, a Prefeitura do Recife ainda não foi comunicada oficialmente pela Fundarpe”.

Surfando na onda, o líder da oposição no Recife, vereador Raul Jungmann (PPS), também chegou a anunciar que deu entrada em um Projeto de Lei na Câmara Municipal do Recife classificando o Edifício Caiçara como Imóvel Especial de Preservação (IEP).

Ele só tomou essa iniciativa depois que a construtora iniciou a derrubada do prédio em Boa Viagem. “Isto provocou a revolta das pessoas com o descaso com o patrimônio histórico da cidade, visto que o Edifício é da década de 40”, disse, na época. “A destruição do Edifício Caiçara é mais um assassinato contra a história da cidade do Recife.

Isso é, na verdade, uma fotografia de um filme de horror que vem se fazendo com a alma do Recife. É preciso que a Prefeitura e os órgãos do Governo do Estado regulem essa indiscriminada destruição da memória da nossa cidade.

O Caiçara será um marco em dizer basta na destruição daquilo que a nossa cidade tem de patrimônio”, argumentou Raul Jungmann, na época. “O Edifício Caiçara remete à memória histórica e afetiva da cidade do Recife, é um dos poucos remanescentes da origem do bairro de Boa Viagem.

Ccom o crescimento da área, as antigas casas e residências e edifícios menores foram dando lugar a construções cada vez mais verticalizadas, que foram transformando a paisagem local e mudando a feição do bairro, de origem balneária.”